Pão de Açúcar, Wal Mart e Carrefour não querem mais destruir a floresta

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Esta história é tão legal que é uma pena que seja tão raro acontecer algo assim no Brasil. Será que é a primeira de muitas? Para resumir:

Capítulo 1: o Greenpeace Brasil, depois de uma investigação séria e detalhada que levou 3 anos, divulgou no dia primeiro deste mês um relatório denunciando as empresas que indiretamente colaboram com a destruição da Amazônia ao sustentar a criação ilegal de gado. Na lista, tem um monte de marcas que você conhece. Nike, Adidas e Reebok, que compram na China couro do frigorífico brasileiro Bertin. Toyota, Honda, Ford e BMW, que compram nos EUA couro do mesmo frigorífico para bancos de carro. Boss, Louis Vuitton, Prada, Gucci, que compram o mesmo couro na Itália para fazer bolsas e sapatos. E, no Brasil, Pão de Açúcar, Wal Mart e Carrefour, que compram produtos bovinos da Bertin e também da JBS e da Marfrig, outros frigoríficos da Amazônia. Mais uma denúncia dos ambientalistas fadada a ser ignorada por todo mundo?

Capítulo 2: nananina. Uma semana depois, dia 8, a Associação Brasileira de Supermercados se reuniu e decidiu fazer alguma coisa. Em decisão conjunta, Pão de Açúcar, Wal Mart e Carrefour concordaram em, juntos, tirar seus nomes dessa lista feia. Na quarta passada, eles anunciaram que abandonariam 11 fornecedores do Pará que não conseguiam garantir que sua carne não provinha de desmatamento ilegal.

Capítulo 3: dois dias depois, sexta-feira passada, o Banco Mundial anunciou que estava cancelando seu contrato para financiar o frigorífico Bertin, maior exportador do Brasil e segunda maior empresa do setor do mundo.

Capítulos 4, 5, 6…: ficamos esperando o posicionamento das outras empresas envolvidas. Será que Adidas, Nike, BMW, Ford, Honda, Toyota também vão tomar uma providência ou vão ficar torcendo para os consumidores não ligarem para a destruição da floresta? E será que os frigoríficos envolvidos, em especial o Bertin, vão se mexer também para se adequar à lei e assim ajudar o Brasil a crescer? Não perca nos próximos capítulos.

Esta história é legal porque é uma das raras vezes em que o temor quanto a pressão dos consumidores embasou uma mudança de atitude da indústria. E também porque o Greenpeace fez o que se espera de uma ong séria: pesquisou, apurou, investigou, e assim embasou a pressão dos consumidores.

Não sou ingênuo. Eu mesmo sou executivo de uma grande empresa (a Editora Abril) e sei bem que há uma imensa pressão por resultados que faz com que se escolha sempre o fornecedor mais barato, sem se preocupar muito com o que esse fornecedor faz para conseguir preços tão baixos. As empresas só vão proceder de um jeito diferente se perceberem que os consumidores vão puni-las se elas não forem responsáveis. É bom ver que isso está começando a acontecer no Brasil. É pouco, mas é um começo.

PS: já estou até vendo os comentários que vão chegar. Gente aparentemente bem intencionada, mas desanimada, dizendo que nada disso adianta nada e que a Amazônia vai acabar de qualquer jeito. Já respondo antes que esses comentários cheguem: é essa atitude que impede a mudança de hábitos. Repito o que eu já disse uma vez: quem é cínico é cúmplice de quem tem interesse em que as coisas não mudem.

39 comentários
  1. Luiz Carlos Pôrto disse:

    Realmente, Denis, é uma ótima notícia.

    Há uma outra empresa nessa lista negra que merece comentário. A Química Amparo (produtos de limpeza da marca Ypê), que tem ganho muita publicidade com seu projeto de plantio de árvores, também está negligenciando a qualificação de fornecedores.

  2. ivan da silva disse:

    onde os supermercados vão comprar carne????
    a produção das outras regiões não é suficiente para abastecer o mercado.

  3. Denisson disse:

    Ivan, sabe qual é a solução? Comeremos menos carne então. Existem milhares de produtos (gostosos e até mais baratos) que podem substituir o consumo da carne.

    Esse é o argumento capitalista: “Se não destruirmos a floresta como produziremos cada vez mais e mais e lucremos mais e mais?”

  4. Pedro disse:

    Ivan, o seu argumento é o de um gafanhoto que destrói uma plantação. E o que acontece com os gafanhotos quando as folhas acabam?

    Devemos, com nosso cérebros e imensa capacidade de imaginar que a natureza nos deu, comportarmo-nos como invertebrados pouco evoluídos?

    Não tem carne pra todo mundo? Vamos diminuir nosso consumo então! Ainda assim não resolve?? Paremos de fazer filho. É o mínimo que nós podemos fazer antes que as folhas acabem…

    O modelo que seguimos atualmente é irreal. Estamos sempre tentando submeter a natureza às nossa vontades mas não vemos que nós também somos natureza.

  5. Pedro disse:

    “… quem é cínico é cúmplice de quem tem interesse em que as coisas não mudem.” e eu acrescento: o mundo está do jeito que está porque até então não tinhamos ciência das consequencias de nossos atos. Nossos pais colonizaram a Amazônia sem saber que poderiam estar prejudicando o equilíbrio climático do planeta. Jogavam lixo no mar sem saber que o peixe poderia comer o lixo e passar o metal pesado de volta pra gente.

    Hoje a gente já sabe, cientificamente, disso e muito mais e, mesmo assim, há pessoas que mantém a posição de que as coisas não devem ser mudadas. Como podemos não acreditar naquilo que sabemos? Que argumento pode salvar alguém com esse pensamento?

  6. Chico Piancó disse:

    Interessante. Me imagino daqui a 10, 15 anos à frente. Em Fortaleza, chegamos ao absurdo esse ano de 6 meses de chuva. Na ensolarada terra de alencar, é surreal, efeitos do aquecimento global.

    Tenho um suspiro de alívio com os fatos desse artigo, elucidado por Denis.Volto a me preocupar, novamente pra frente, com a falada premonição que uma imensa tsunami invadirá a cidade, por torno de 2013, 2014. Poxa, será que essa bagunça geral no clima não deixa nem eu ver a copa do mundo em paz?

  7. Pedro disse:

    Sobre a Amazônia, estranho não estar sendo debatido aqui a MP 458 e a construção da BR 319. Tem muita gente boa no governo lutando para que projetos como esses sejam melhor debatidos pela sociedade em defesa do real interesse público mas muitas vezes somos atropelados pelo lobby de políticos/empresários da região. A Amazônia ganhou uma grande aliada este ano que é a Rede Globo e, como consequência, muitas outras empresas, mas precisamos do apoio de mais e mais pessoas para preservacao de nossas florestas e recursos naturais. O Brasil será, em poucos anos, um dos países mais importantes do globo por conta desses recursos e precisamos urgentemente garantir a preservação dos mesmos.

  8. Joabe S. Arruda disse:

    Diminuir o consumo de carne? Acho que isso não vai dar muito certo.

  9. Pedro disse:

    Pois é Joabe. Parece algo inquestionável mas é o que nos sobra fazer. Qual a outra solução. Não podemos ignorar a ciência e achar que a Amazônia não fará falta… ou mesmo os rios e pântanos destruídos todos os dias no Mato Grosso.

    Mas o que é agir sustentavelmente senão questionar o que fazemos sem pensar?

    Einstein disse: “Aprenda com o ontem, viva o hoje e tenha fé no amanhã. O mais importante, é nunca parar de questionar”.

  10. Gerson B disse:

    A opção pelo vegetarianismo pode ser uma boa, mas é preciso que haja mais esclarecimento a respeito. Não só das vantagens ecológicas, mas da questão ética e das que melhoram a saude.

    E ainda é preciso qua se tenha condições favoráveis para ser vegetariano. Parei com a carne, mas como a minha família não parou de vez em quando como peixe. Cada vez mais raramente, mas reconheço a dificuldade de parar totalmente sem suporte.

    De qualquer forma todas as medidas são válidas. Essa dos supermercados já é um passo.

  11. Maurício Bittencourt disse:

    Rapaz, está aí uma boa notícia! E vc veja a importância de lutarmos com o que temos: a lei. O blog do Altino (http://www.altino.blogspot.com) diz q o Pão de Açúcar rompeu com “frigoríficos apontados pelo MPF como corresponsáveis pelo desmatamento da Amazônia”. Ninguém toma decisões como essa simplesmente baseado em relatório de ONG. Importante será uma campanha para conscientizar os consumidores: quando o preço da carne sobe, muita gente desiste do ativismo.

  12. Rogério de Oliveira disse:

    Denis
    Você previu então que os comentários seriam desanimados e pessimistas para com esta matéria 😆 . Ora vamos! Vc. substima nosso autruismo! Dá até para ver vc. agachado junto a uma fogueira cherokee dividindo o cachimbo da paz com um ancião da tribo lamentando a falta de sencibilidade dos peles vermelhas. Pra começar nao fale de Greenpeace, fale de Wale Wars. Enquanto o Greepeace tira fotos pervertidas de baleias o Wale joga coco de foca na cara dos pescadores japoneses.
    Mais realista que esta proposta citada são os produtos com selo ECO com descontos de até 40% lá no Japão. SUCESSO! Os produtos construídos e alimentados de forma eficiente sao a coqueluche lá e certamente dará…

  13. Rogério de Oliveira disse:

    …dará o que falar no mundo capitalista. Brincadeira hehe. É claro que vc apenas está nos provocando e isso é ótimo. No final das contas as grandes massas nem sabem e nem querem saber sobre responsabilidade social e ecológica de uma Volks. Pode me chamar de Garoto Enxaqueca.
    Te ADORUU Denis!
    Concordo com Wale Wars, o Greenpeace é Gay huhu! 😈
    Abraso aos leitores!

  14. Rômulo disse:

    Não me considero pessimista, mas, tentando ser realista, eu diria que esse tipo de iniciativa só pode funcionar se a pressão por transparência se mantenha. Ou seja, se as redes de supermercados ‘amolecer’, os fornecedores voltarão a fazer o que sempre fizeram, em busca de redução de custos. Aí, penso, é que é importante a participação da sociedade: nós, consumidores, temos de exigir que os produtos tenham a garantia de origem. Mas, o que vejo é que a maior parte da sociedade não presta muita atenção nisso, né?

  15. Rômulo disse:

    Comentando a ‘solução’ proposta por aglusn, achoq ue diminuir o consumod e carne não é a saída. Ou, pelo menos, não a única. Por que não pressionar os mercados para que só comprem de fornecedores com alguma garantia de origem da carne? Será que é tão difícil assim??

  16. Felipe Maddu disse:

    Esse assunto já esteve na pauta do Lauro Jardim, mas tinha mais gente alienada do que consciente lá, diferentemente daqui. O problema, no fundo, é de super-população e atitude. Primeiro, o mundo não aguenta mais tanto ser-humano. Mais pessoas, mais carros, mais degradação ambiental e tudo mais. Segundo, já cansamos de reclamar, vamos ter mais sensibilidade – assim que se escreve Rógério inteligentsia hahaha- e atitude e tempo pra tentar mudar o que não concordamos.

  17. Pedro disse:

    Pessoal, um problema como este se resolve com medidas de curto, médio e longo prazo. Medidas de curto prazo podem ser recusadas de cara se forem muito radicais (e.g., corte no consumo de carne) – o que, compromete, assim, a sustentabilidade da tomada de decisão. Por isso, acho que devemos ir passo a passo. Inevitavelmente, a longo prazo, teremos que mudar nosso modelo de consumo e crescimento demográfico, mas podemos, por enquanto, tornarmo-nos, cada vez mais, consumidores conscientes de nossos atos. O que não podemos é continuar ignorando a ciência e argumentar contra fatos como está sendo feito até agora pelos deputados da bancada ruralista, …

  18. Pedro disse:

    … segundo os quais, a Amazônia nem mesmo está sendo destruída. Quem são eles pra dizer algo assim? Um dos institutos de sensoriamento remoto mais respeitados do mundo, que é formado por pessoas que estudaram anos e anos para fazerem o que fazem (o INPE), vem divulgando relatórios e mais relatórios provando a devastação da Amazônia.

    Antes de tomarmos qualquer medida, devemos, primeiramente, reconhecermos que estamos doentes. Infelizmente a posicao de parte do governo é de que nosso sistema atual é eterno. O governo, por sua vez, reflete a sociedade e, por isso, o importante é convencer a sociedade do que está acontecendo.

  19. denis rb disse:

    Mas parte do problema é o jeito binário com o qual tendemos a olhar para ele. Ou derrubamos a floresta inteira ou viramos todos vegetarianos. Claro que cada um é livre para imaginar sua própria utopia, mas há um monte de alternativas entre uma e outra opção. Por exemplo: produzir sim carne em algumas áreas já degradadas, assegurar a preservação do que não está, encontrar culturas de castanhas e outros produtos de alto valor agregado, que empreguem mais gente e tenham preço mais alto que a carne, mas que possam ser cultivados em harmonia com a floresta etc. Não estou dizendo que seja fácil, mas não tenho dúvidas de que é melhor do que queimar a mata, soltar gado e depois ir queimar mais.

  20. Rogério de Oliveira disse:

    Abraso Felipe!

  21. denis rb disse:

    Querem um exemplo do que eu disse?
    Acabei de ler uma declaração do Roberto Smeraldi, da Amigos da Terra, dizendo que, com ganhos de produtividade, “a pecuária amazônica [pode] se concentrar em um terço da área atualmente ocupada, podendo até manter o rebanho”. Enfim: ele diz que é possível acabar com o desmatamento e reduzir em quase 70% a área dedicada à pecuária na Amazônia sem reduzir as exportações brasileiras.
    Quanto a quem acha que o Greenpeace é uma organização americana agindo para acabar com a competitividade da indústria brasileira, puts… Esses realmente não sabem do que estão falando. O Greenpeace, até por obrigação estatutária, é bem independente da indústria.

  22. Leticia disse:

    Oi Dênis!
    As vezes sou pessimista sim… é tão difícil se sentir uma formiguinha que tem que fazer sua pequena parte para mudar o mundo! Mas atitudes como as causadas pelo relatório do Greenpeace dão uma esperança mesmo – parece que o mudo está puxando o freio da destruição ambiental, e é utópico achar que ela irá parar de uma hora para outra, né?

  23. denis rb disse:

    É…
    E não nos enganemos: a cada notícia boa que encontrarmos, tem uma outra ruim. Não sei se o mundo está puxando o freio de mão da destruição ambiental: tem gente acelerando e torcendo para que o muro saia da frente. Mas isso não pode impedir que a gente comemore e difunda cada avanço (nem que deploremos e condenemos cada retrocesso). Tem muito problema no mundo. Não dá para achar que a gente precise resolver todos (se impor essa obrigação só serve para nos deixar desanimados). O que dá para fazer é empurrar um pouquinho o mundo na direção certa. Se cada um fizer uma forcinha, ele se mexe…

  24. LULINHA disse:

    E vamos importar carne bovina da Australia,e esquecer que nos somos o segundo maior produtor.Tudo no Brasil que estiver ligado com politica,com certeza nao e construido,pensado para o bem do pais.Assim vai ser e sempre sera.Todos nos morreremos e nada mudara.Perguntem para o profeta LULA

  25. jorji disse:

    Empresas querendo dar exemplos, bobagem, a única saída para salvar a amazônia é a proibição de qualquer atividade agropecuária, extração de madeira, em compensação estudar formas de fazer com que a população local, tenha alternativa econômica para prover seu sustento, como exemplo podemos citar o turismo.

  26. Rafael Tenório disse:

    O que falta mesmo é consciência… consciência de que o que está sendo tirado dali não são apenas árvores, mas vidas, que no futuro poderiam existir.

  27. denis rb disse:

    jorji,
    Desculpe, mas essa solução é absolutamente irreal – e seria um retrocesso no debate. A população amazônica tem o direito de trabalhar pelo seu sustento (e o turismo de maneira alguma tem potencial para prover o sustento de dezenas de milhões de pessoas). Você não acha que está sendo injusto com as pessoas de lá? É o nosso consumo – irregular – que destrói a floresta (via Adidas, Nike, Ypê, Gucci, Ford etc) e sua solução para o problema é simplesmente proibir os locais de trabalhar? Além disso, veja a opinião do Smeraldi: há soluções factíveis para manter a produção amazônica sem destruir a floresta. Proibições radicais, sem prover alternativas, nunca funcionam.

  28. jorji disse:

    Denis, gostaria de ter o seu otimismo, mas somos um povo muito permissivo em tudo, nenhuma lei é respeitada , a floresta amazônica nas mão do povo brasileiro pode ser considerada condenada, da mesma forma que condenamos a nós mesmos com as nossas atitudes.

  29. denis rb disse:

    uai. Somos permissivos e a solução para esse problema é proibir mais? Não entendo a lógica. Uma proibição total seria muito mais difícil de sustentar. Não adianta tentar fazer proibições totais de cima para baixo – o que pode adiantar é conciliar interesses.

  30. Gabriel disse:

    Muito legal a iniciativa das 3 maiores redes de supermercado do país. É uma forma exequível de frear a “lógica capitalista” este tipo de medida: unir as principais indústrias ou empresas de um determinado setor econômico em prol de uma causa ambiental.

    O fato é que no Brasil este tipo de medida tem um peso significativo, levando-se em conta a participação de mercado do Wal-Mart, Carrefour e Pão de Açúcar. Aqui na Argentina, onde predominam os mercadinhos de bairro (geralmente gerenciados por imigrantes chineses, diga-se), seria muito complicado aplicar uma medida como esta.

    Legal ver também um estudo de tanto impacto e profundidade sendo realizado por uma organização não-governamental.

  31. Joca Batista disse:

    Aqueles que têm a mania de rotular podem arrumar quantas etiquetas quiserem pro Greenpeace, mas o fato é que, pelo menos neste caso, eles mandaram muito bem.

  32. Hulie disse:

    E muito bom saber que ha pessoas que se preocupam com nosso meio ambiente e tem a coragem de passar informações de ilegalidades a sociedade.Sem isso continuariamos ate contribuindo pois temos conhecimento do consumismo muito mais prejudicial.Pena e que gananciosas grandes empresas precisem ser descobertas para tomar uma atitude correta,visando apenas a imagem !
    Que Pena!!

  33. Felipe Maddu disse:

    Pra ser um pouco mais flexível, pois eu na verdade sou contra qualquer pecuária na mazônia, mas se os gênios pelo menos ficassem apenas na intensiva e não na extensiva já iam fazer muito pela natureza. O foda é que todos querem ser latifundiários, num lugar onde tinha vida, mata, plantas que talvez pudessem curar doenças, os caras vão lá é só deixam grama. Patético!

  34. Márcio disse:

    Hei Denis! Acompanhei todo esse imbrolio desde a divulgação do relatório. Achei fantástica a atitude dos mercados e tal. Acho sim um avanço interessante, adianta alguma coisa por ser uma mudança de atitude e de hábito que temos que desenvolver ainda mais. Mas tenho minhas críticas, no sentido de que em função do poder dos grandes sujeitos da economia, hoje, temos uma esfera pública cada vez mais reduzida. De modo que nos resta exercer nossa cidadania de forma muito restrita, ou seja, por meio do boitcote das marcas que desprezam o discurso ambiental. Em outras palavras, só deixamos de ser consumidores, pra ser consumidores conscientes. E isso é limitante demais. O seu próprio exemplo dentro

  35. Márcio disse:

    …da Abril mostra bastante isso. A nossa margem de barganha se reduz a consumir ou não. De modo que o nosso poder de intervenção na esfera pública está muito reduzido. Então ficamos dependendo da boa vontade de imensos conglomerados de capital. A notícia de fato é boa, claro…mas sem refundarmos o espaço público, descentralizar e horizontalizar mais o poder e as decisões, desconcentrar poder econômico etc., creio que pouca coisa dá pra fazer além do que vimos nesse caso. Olhe por exemploo caso das leis ambientais, muito pouco estamos fazendo a fim de peitar o lobby ruralista…o desequilíbrio é grande demais. Enfim, é isso…

  36. Luciene disse:

    Adorando toda essa discussão, mas tenho duas observações: a Adidas, no começo desta semana (passada), chamou a Bertin para conversarem na Alemanha: antes de quebrarem a parceria comercial a empresa alemã, ao que parece, quer saber o que a Bertin pode oferecer em contrapartida. Outra: quando se fala em diminuir o consumo de carne não é para ouvir “excluir o consumo de carne”. Precisa comer presunto no café, churrasco no almoço, coxinha no lanche e picadinho na janta? Tipo, alguém já se deu conta da quantidade de carne descartada em uma churrascaria? Os gringos que presenciam estas cenas não vêem o Brasil como o país da fartura, mas como o páis do desperdício.

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