Ambientalista é o cacete

Como escrevo um blog que tem a palavra “sustentável” no título (muito embora acompanhada da ressalva de que “é pouco”), volta e meia alguém me chama de “ambientalista”. Isso sempre me incomodou, mas eu ainda não tinha parado para pensar por quê. Pois andei pensando nisso. E cheguei a uma conclusão.

Quer saber?

Ambientalista é o cacete.

Quando me chamam de “ambientalista”, geralmente é com alguma condescendência. É como se “ambientalista” fosse o contrário de “desenvolvimentista”: uns se preocupam com a natureza, outros querem dar emprego para o povo. O cacete. Não existe essa divisão.

A psicanalista Maria Rita Kehl, em um artigo recente na sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo, deu sua opinião sobre qual é a verdadeira divisão nessa história. “O objeto da disputa é o tempo”, escreveu ela. De um lado, há os que querem “agarrar tudo agora”. Do outro, estão os que “se preocupam com as gerações que vão continuar vivendo no Brasil quando todo o interior do País for igual às regiões mais secas do Nordeste atual – algumas das quais já foram ricas, verdes e férteis, antes de ser desmatadas pela agricultura predatória.”

Semana passada, no sertão nordestino, um pesquisador da Embrapa, que além de tudo faz uma geleia de umbu incrível, me levou para conhecer uma propriedade rural onde ele construiu uma cisterna para captar a água da chuva. Coisa de pouco mais que R$ 1.000. A água captada pela chuva é conduzida por canos com gotejadores – tudo baratíssimo. Na outra ponta dos gotejos, àrvores frutíferas. Um pomar lindo, lindo, lindo. Conversamos com o proprietário, um homem orgulhoso, de peito estufado, que comandava uma família de oito. Estava de visita seu filho, um menino esperto que estuda enfermagem em Petrolina. O pomar, construído sob orientação do pesquisador, começou faz só dois anos, mas a família já não dá conta de comer toda a comida que ele produz. Mamão, acerola, coco, coentro, gergelim, graviola, caju, maxixe, batata-doce, mandioca, tangerina, limão, tomate. Tudo só com água da chuva. Estou falando do sertão do Nordeste.

Esta foto na verdade foi tirada no pomar-laboratório da Embrapa. (O pomar do agricultor, com todo respeito à Embrapa, é muito mais bonito.) Foto: Cia de Foto (C)

Perguntei a ele se ele vendia a produção. Nada. Ganharia muito pouco dinheiro concorrendo com grandes corporações cujas duas únicas preocupações são custo e receita. O que a família dele não consegue comer ele dá para algum vizinho. Não vi ninguém magrela na região.

Esse pomar lindo não contribui em um centavo furado para o PIB brasileiro. Mas, se você me dissesse que isso não é desenvolvimento, eu responderia “você está completamente louco e deveria procurar um especialista”.

Por outro lado, em 1991, quando o navio petroleiro Exxon Valdez derramou 100 milhões de litros de petróleo na costa do Alasca, o PIB da região aumentou. É que o trabalho de limpar a desgraça movimentou a economia. O efeito colateral foi que, oito anos depois, 21 das 23 espécies animais não tinham se recuperado. Centenas de pessoas que viviam da pesca perderam seus empregos. E é de se esperar que muitos deles tenham feito o que quem perde o emprego é tentado a fazer: beber demais, tornar-se violento, triste, amargo. Segundo o livro “Cradle to Cradle”, outros sinais de “prosperidade” com efeito positivo no PIB são “acidentes de carro, internações hospitalares, doença (como o câncer) e vazamentos tóxicos”.

Não estou insinuando que todo PIB seja ruim ou que tudo que é bom não dá PIB. Apenas que o pensamento dominante, de enxergar o PIB como onisciente, onipotente e onipresente, acima de tudo e de todos, é uma idiotice.

Lógico que tem muita gente interessada em defender que o futuro tenha mais vazamentos de óleo e menos agricultores auto-suficientes. Muitas empresas vivem de gente dependente. Para muitos políticos, então, é uma maravilha. Gente que tem pomar e cisterna não aceita vender voto em troca de uma visita de um caminhão-pipa.

Portanto, ambientalista é o cacete. Só quero que essa galera tire a mão da herança dos meus hipotéticos filhos, a Terra.

Foto: Cia de Foto (C)

106 comentários
  1. Leonardo Xavier disse:

    Denis, eu acho que eu não costumo rotular as pessoas, mas a imagem que você me passa sempre foi a de um ativista e sinceramente eu não saberia dizer nem em que área, porque há sempre tantas idéias sendo discutidas, inclusive nos comentários, por aqui que com certeza não cabem só no rótulo ambiental, há matérias sobre comportamento, sobre ativismo, ocupação do espaço urbano, drogas, etc. Enfim, o sustentável é pouco tem sido um espaço que eu realmente tenho gostado de frequentar.

    E eu acho que essa discussão que você tocou no texto sobre o que é verdadeiramente riqueza é bastante válido. Eu acho que há uma cultura de supervalorização do dinheiro em detrimento do ser humano e da vida em geral.

    ps: coincidentemente, eu tinha visto o “Cradle to Cradle” numa loja virtual outro dia e tinha ficado curioso a respeito do livro.

  2. João Fernando disse:

    Uma coisa que venho pensando a algum tempo…

    E se, várias famílias fizessem como a família desta matéria, ou seja, com recursos naturais e a ajuda de pesquisadores, conseguissem uma produção de alimentos, madeira, minerais, água, etc, para a pŕopria família e ainda sobrasse para distribuir de graça.
    E se, pessoas com conhecimentos técnicos, pegassem essas matérias primas e as trabalhasse, criando móveis, ferramentas, construções, etc…
    E se, pessoas sem habilidade manual, porém com habilidade intelectual, utilizassem essas construções e os outros produtos, para administração, estudo, lazer, etc…

    Na verdade o que eu quero exemplificar, é a falta de necessidade de um PIB. Nós poderíamos viver, e viver bem apenas com o que a natureza oferece.
    Poderíamos ter uma sociedade que vai do produtor rural, até o cientista sem a necessidade do capital. Mas teria um problema: qual seria a motivação das pessoas? Pois hoje trabalhamos para ter dinheiro para possuir bens, mas eu me contentaria em possuir apenas conhecimento, tendo o básico para viver…

  3. Patrícia disse:

    Vc tá bravo né?
    Eu leio seus textos sempre, desde as cartas de editor da Super até hoje e concordo com vc quase sempre. Mas Dennis eu não tenho mais fé. Tudo é movido a dinheiro e os gafanhatos daquele seu outro texto sabe… são mais fortes e o formigueiro (agora lembrando daquele filminho de criança) na se rebela pq no fundo queria ser um gafanhoto tb.

  4. Janine Stecanella disse:

    Denis! Algumas pessoas não entendem que ser sustentável é separar o lixo, é lavar a louça e escovar os dentes com a torneira fechada, é tomar um banho de 10 min. Ser sustentável não é ser um terrorista anti-capitalista e careta! É ter atitudes simples. Como andar de ônibus e bicicleta!

  5. Anouk disse:

    Oi Denis,

    Adorei o título.

    Felizmente existem pessoas capazes de demonstrar que podemos, sim , fazer a diferenca apesar das circunstâncias. Parabéns Denis pelo belo trabalho. Abs.

  6. Marcos Filho disse:

    Quem faz análise econômica tomando por base apenas o PIB é irresponsável ou igonorante. Os “desenvolvimentistas”, ao menos, não fazem isso. O problema é que a onda ufanista e triunfalista dos últimos anos tem adotado tal esquematização. O PIB é um, apenas um, dos fatores de uma boa análise, que ainda deve levar em conta aspectos macroecônomicos como infra-estrutura atual e disponível a médio e longo prazo (fatores energéticos, por exemplo) e o modelo de desenvolvimento utilizado. De fato, tem-se optado pelo movimento da “beleza americana”, mas todos sabem que o PIB é um índice claramente importante, mas não único em uma análise conjuntural do ambiente econômico.

    De ressalva a seu post, Denis, nota zero para o título, expressão utilizada também ao longo do texto. Deplorável, de mau gosto e extremamente desnecessário. Recurso preguiçoso para chamar atenção. Decepcionante.

  7. denis rb disse:

    Patrícia,
    Não estou bravo não. Na realidade, estou de ótimo humor – voltei bastante otimista do Nordeste, apesar da desgraceira que vi.
    O tom do texto não é de brabeza: é de ênfase. Não é minha intenção ofender ninguém (desculpaí, Marcos Filho), o que eu quero é marcar com força o absurdo de determinada linha de argumentação.

  8. denis rb disse:

    Leonardo Xavier,
    Ainda não acabei de ler o “Cradle to Cradle”, mas estou adorando o livro, recomendo muito. É uma coautoria de William McDonough e Michael Braungart. Um é arquiteto e designer, o outro é químico. A combinação é bem interessante, porque os autores não são ambientalistas formados no ativismo anti-indústria: na verdade os dois têm uma perspectiva complementar e um histórico de trabalhar com a indústria, mais na busca de soluções do que na denúncia de problemas. O livro é ambicioso: ele pretende propor uma forma de “refazer o modo como fazemos coisas”. Enfim, uma nova lógica para todo o nosso sistema produtivo – uma lógica de ciclo fechado, em vez de processo linear. Interessante, propositivo, conciliador até. Não adianta nada achar que o tal “setor produtivo” é o inimigo. Não é. Ele está cheio de gente bem intencionada que precisa ser envolvida na busca por soluções se queremos chegar em algum lugar.

  9. denis rb disse:

    João Fernando,
    Acho que você está tendendo a ver os dois caminhos como excludentes, e a verdade é que eles não são. Não estou aqui propondo a extinção da atividade econômica, o fim do comércio e das transações comerciais. Eu jamais proporia isso – comércio enriquece o mundo, faz ideias circularem, gera mobilidade social e oportunidades. Só o que eu quero dizer é que a atividade comercial não deve ser considerada a única coisa importante que existe – até porque isso seria insustentável. Metade do PIB mundial depende de recursos naturais. Se os recursos acabarem de hoje para amanhã, portanto, o PIB cairia 50%.
    Crescimento é bom mas não é tudo. É isso que eu quis mostrar aqui. Eu acho que o agricultor que visitei no sertão é uma pessoa imensamente motivada, apesar de não comercializar boa parte de sua produção. É um sujeito produtivo, ativo, importante para a comunidade, orgulhoso, cujos filhos tiveram a chance de estudar mais do que ele e que, portanto, representa um elo numa cadeia de desenvolvimento.

  10. João Fernando disse:

    Denis, entendi o que você quis dizer. O meu medo é que eu não consigo conceber um modelo de sociedade sustentável a longo prazo, cuja economia é baseada no lucro. Não que eu seja anti-capitalista, mas existem pessoas, que para acumular capital, nos convencem de consumir o que não precisamos. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria problema algum, mas não são.
    Eu sou totalmente a favor da economia, só tenho medo que nosso PIB caia os 50%, e entremos numa era de anarquia e barbárie, até inventarem outro sistema econômico.

  11. Só pq há alguns anos passei a andar de bicicleta e esse veículo passou a ser meu principal meio de transporte volta e meia sou chamado de “ambientalista”. Entendo o título e tenho vontade muitas vezes de dizer o mesmo!

    Tenho apenas a noção de que esse “desenvolvimentismo” tá indo com toda a velocidade rumo a parede e deixando o planeta mais pobre em recursos naturais e muita gente infeliz no processo.

  12. rubens osorio disse:

    Cara, acompanho teus textos, com muito interesse. Mas este, especialmente, está demais!!! Na verdade, qualquer pessoa devia sentir-se orgulhosa de ser chamado de ambientalista, porque, ruim mesmo, é ser “desenvolvimentista”, esse bando de “irresponsáveis”… não, não é por aí, né? A sabedoria está no meio, no caso, no meio-ambiente preservado com promoção humana concomitante. Valeu, e muito!!!

  13. Fellows disse:

    Ideal seria se este exemplo de Petrolina(!) fosse estendido a todo o sertão. Todos sabemos que práticas para deixar nosso nordenste vicejante existem em abundância na maioria das vezes em estudos conduzidos pelo próprio. O desafio é encarar a famigerada indústria da seca e impor essa prática justa e altruísta no meio de todo povo. A eleição está aí. Alguém viu por aí algum candidato propondo este tipo de solução?

  14. Fellows disse:

    Ideal seria se este exemplo de Petrolina(!) fosse estendido a todo o sertão. Todos sabemos que práticas para deixar nosso nordenste vicejante existem em abundância, na maioria das vezes em estudos conduzidos pelo próprio Embrapa.
    O desafio é encarar a famigerada indústria da seca e impor essa prática justa e altruísta no meio de todo povo.
    A eleição está aí. Alguém viu por aí algum candidato propondo este tipo de solução?

  15. Chesterton disse:

    Muito legal a horta-pomar, mas duvidi que os filhos do proprietário não se deixem seduzir pelas luzes da cidade. A vida no campo só é boa para quem sabe pastar (ou não tem alternativa).

  16. Lucas Migotto disse:

    Denis, este modelo econômico visando o lucro é muito louco mesmo. Já estava na hora de pensarmos em um modelo que leve em conta o bem-estar do ser humano. Temos tecnologia para isso, como você demonstou na matéria.
    Por coincidência, tem um documentário que estou assistindo chamado “The Corporation”, que explica bem este perfil de psicopata de algumas corporações.

  17. Lucas Jerzy Portela disse:

    Denis, oh Denis…!

    (leia isso no bahianês mais cachoeirano possível – com a brisa do Paraguaçú e o sol se ponto nas espinhas das colinas de São Félix)

  18. Rita disse:

    Excelente texto, Denis!!!!! Parabéns pela liberdade de pensamento e coragem!

  19. Marina disse:

    É por textos desse tipo que sempre faço questão de ler a coluna, parabéns!

  20. Felipe disse:

    Mandou bem cara. Na verdade ambientalistas SOMOS TODOS NÓS. Pq estamos no mesmo barco, na mesma casa. Não há como nos dissociarmos do meio-ambiente. E que bom que seria se esse pomar tivesse mais plantas, inclusive a que é cegamente proibida.

  21. Marcos Filho disse:

    Não, Felipe…

    Já tem muito dessa planta matando no nordeste… Deixe o fazendeiro plantar seu mamão, sua acerola, seu coco, seu coentro, seu gergelim, sua graviola, seu caju, seu maxixe, sua batata-doce, sua mandioca, sua tangerina, seu limão e seu tomate.

    Você é tão ambientalista, mas adora uma fumaça! Eu hein?!

  22. jorji disse:

    A desrtificação do nordeste brasileiro é irreversível, já que as correntes de ar quente do oceano impede a formação de chuvas na região. Desenvolvimento sustentável, que bicho é isso? Evoluir sem depredar o meio ambiente, ou seja, reconhecer o direito de existir de outras espécies, fazer melhor aproveitamento de recursos naturais, reciclagem, etc,será que conseguiremos?

  23. Marcelo disse:

    cartaz colocado na entrada de uma universidade: “crescer por crescer é a filosofia da célula cancerígena”

  24. denis rb disse:

    jorji,
    A desertificação do Nordeste não é irreversível.
    O que parece sim muito difícil de reverter é a aridificaçnao da região: a mudança do clima, causada pelo aumento da temperatura e, consequentemente, da evaporação.
    Mas desertificação é uma outra coisa. Num clima árido, desertos crescem. Mas ainda chove o bastante no Nordeste. Se essa água continuar sendo coletada (em cisternas) e a terra for cuidada e a cobertura vegetal for recuperada, a região não vira um deserto. Desertificação raramente é irreversível, como aliás Israel provou.

  25. Marcelo disse:

    Marcos Filho, maconha mata? desde quando? Nunca ouvi falar de um só caso de morte por uso de maconha.

  26. denis rb disse:

    hahaha
    Sensacional o Porsche-cleta, Chesterton. Valeu!
    Concordo contigo. Pelo menos o filho dele que eu conheci tinha sim se deixado seduzir pelas luzes da cidade: estudava em Petrolina. Mas estava lá, de visita, passando o fim de semana, e o clima era de família feliz reunida. O que eu chamo de desenvolvimento é isso mesmo: o fato de que uma geração tem possibilidades diferentes, maiores do que a geração anterior. Acho isso ótimo: o garoto tem opção, coisa que o pai dele provavelmente não teve (tanto). Por outro lado, essa relação com a terra abre possibilidades que podem ser interessantes até para quem não “sabe pastar” (como você diz). Você já visitou uma propriedade rural na França, ou na Itália? Um lugar desses onde se cultiva artesanalmente produtos de alto valor agregado, com remuneração bem razoável? Não sei se é para mim, urbano que sou. Mas acho fácil de acreditar que tem gente que gostaria muito desse apelo. Claro que o semi-árido nordestino está muito longe de ser a Provence – mas nessa propriedade que visitei senti que essa distância não é impossível de percorrer.

  27. denis rb disse:

    Muita gente morre no sertão nordestino vítima da guerra contra as drogas. Lá se planta maconha e se defende propriedades a bala, e a polícia é imensamente violenta.
    Mas acho mais preciso atribuir essa mortes brutais à proibição, não à maconha em si…

  28. Marcos Filho disse:

    Denis,

    Sobre seu último comentário para o Chesterton: você tem toda a razão.

    A verdade é que o êxodo rural não é provocado apenas por conta da sedução que as “luzes da cidade” provocam, mas também pela dificuldade dos produtores em manterem suas propriedades rentáveis. Enfim, A migração do campo para a cidade, particularmente para a “cidade grande”, a metrópole, é o resultado das forças de expulsão e de atração. As “luzes da cidades”, isto é, as forças de atração (serviços públicos difíceis de serem ofertados nos campos) devem ser analisadas em conjunto com as forças de expulsão (a agricultura familiar sem estrutura para crescimento é um desses fatores). Isto tem a ver com a estrutura fundiária do país? Sim, claro. Mas é possível crescer – e lucrar – com pequenas propriedades ou, ainda, cooperativas. O problema é que, particularmente no nordeste, essa é uma alternativa pouco utilizada, estudada e desenvolvida. Então, não tem a ver com atraso ou algo do tipo querer ficar no campo. Trata-se de oportunidade. Um exemplo: as taxas de migração campo-cidade é bem menor no sul do país que no nordeste. Outro ponto: os picos nas taxas de migração campo-cidade são coincidem com as grandes secas nordestinas. Resumindo, alternativas como a relatada no post (e aqui vai mais um protesto contra o título!) são interessantíssimas para a sustentabilidade da comunidade rural nordestina (quiçá brasileira). E tal alternativa pode sim representar muito para os “desenvolvimentistas”, na medida em que é recuperada uma área ou região até então inutilizada. E o malvado PIB pode demonstrar isso (não no caso específico citado, já que o agricultor produz por subsistência). Ou seja: basta que os serviços públicos se aproximem mais do campo e que sejam buscadas alternativas inteligentes aos entraves naturais e teremos nossa Provence sertaneja. E contribuindo para o PIB!!!!

  29. Marcos Filho disse:

    Iê-iê… já chegou a turma do fumacê…
    Ei pessoal, vocês deveriam ir matar mosquito da dengue!

  30. denis rb disse:

    Boa análise essa da atração X repulsão, Marcos Filho.
    Na verdade, a propriedade que visitei não é de mera subsistência. Além da horta-pomar que eu descrevi, ele criava algumas cabras, e a carne delas é vendida a R$ 6 o quilo. A horta-pomar inclui palmas e mandacarus sem espinho (desenvolvido também pela Embrapa), que serviam de alimento para as cabras. Enfim, tem sim algum PIB sendo gerado lá, algum dinheiro circulando, mas não na horta-pomar.

  31. denis rb disse:

    Ah, e vc toca num ponto fundamental: as políticas públicas. A Embrapa faz um trabalho lindo no Brasil inteiro de encontrar alternativas. A propriedade que visitei é uma demonstração disso, uma vitrine do que é possível fazer com pouquíssimo investimento. Mas, se o espalhamento dessas experiências não viram política pública, o efeito disso é zero. Justiça seja feita, há algum investimento: o governo federal tem financiado a construção de centenas de milhares de cisternas, por exemplo. Mas o grosso da grana vai para grandes obras (por exemplo, 6,6 bilhões na transposição do São Francisco). Fácil entender que políticos prefiram obras monumentais (que chamam mais atenção, marcam mais a administração, rendem votos). Mas será mesmo que deveríamos mudar um rio de lugar antes de prover água e esgoto para todo mundo? Será mesmo que esses 6,6 bi não seriam melhor empregados dando condições para que milhões de habitantes do sertão tenham uma horta-pomar auto-suficiente e abastecida apenas pela chuva, como a que eu visitei?

  32. Marcos Filho disse:

    Pois é, essas pequenas propriedades podem ter grande relevância na produção nacional. Segundo o IBGE (2005) que o setor agroindustrial representa cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e quase 40% da mão-de-obra ativa no país. O problema é que pequenos produtores geram uma mais valia mínima para negociação, seja por falta de tecnologia e estrutura ou por falta de gestão e capacidade produtiva. O caso é que sim, pequenos produtores, em cooperativas, e com o uso de alternativas inteligentes como a destacada no post, podem ter relevância e importância no cenário nacional por dois motivos:
    1 – O tal PIB; e
    2 – A fixação do homem no campo.

  33. Marcos Filho disse:

    Ah, Denis, essa do rio São Francisco… essa obra é a coisa mais imediatista e descaradamente irresponsável que já vi um governo realizar. Sabemos (eu, você, seus leitores e todos os técnicos da Embrapa) que existem soluções muito mais inteligentes e baratas, que não põem em risco a bacia hidrográfica nordestina. Sobre este assunto, sugiro consulta aos excelentes trabalhos de João Suassuna, pesquisador da FUNDAJ e estudioso do tema.

  34. denis rb disse:

    Pois é, encontrei o João Suassuna em Recife na semana passada, pouco antes de ir ao sertão. Estou bem familiar com as críticas dele.
    Estamos produzindo um site sobre o Nordeste e as mudanças climáticas, que vai ao ar ainda este mês em http://www.issonaoenormal.com.br . A entrevista com o Suassuna estará lá, o vídeo sobre essa propriedade que visitei também.

  35. jorji disse:

    Na maioria dos países desenvolvidos só conseguem manter pequenos agricultores em suas propriedades, graças a ajuda dos governos, o do tão mal falado subsidio agricola, e a política deles para nós que desejamos exportar a nossa produção agrícola, é um crime, mas acho que temos que criar um mecanismo de subsidio para quem produz aqui no Brasil, só assimo pequeno agricultor vai conseguir sobreviver.

  36. jorji disse:

    Aliás, a agricultura dentro de todo setor produtivo, é o mais estratégico em todos os sentidos, nem preciso dizer as razões, daí a necessidade de criar um sistema de subsidio. Sobre a desertificação do nordeste, é a longo prazo.

  37. Monica disse:

    Denis, gostei muito do texto e acho necessário ressaltar que não necessariamente o crescimento (econômico)de um pais está associado ao aumento da qualidade de vida de sua população.
    Muitas experiências interessantes, assim como esta que citou,vêm sendo desenvolvidas a partir da perspectiva da Economia Solidária, com o apóio da Secretaria Nacional de Economia Solidária / MTE (www.mte.gov.br) e das Incubadoras, que na maioria das vezes funcionam como projetos de extensão e/ou pesquisa nas Universidades.
    São cooperativas ou associação de trabalhadores, que se organizam a partir dos saberes/fazeres das comunidades e da valorização e utilização dos recursos próprios de cada localidade/município e trabalham na perspectiva da produção sustentável, do comércio justo, das feiras e trocas solidárias, da valorização e promoção da dignidade do trabalho, entre outros.
    Algumas pessoas comentaram sobre o desejo de que fosse possível uma alternativa (ou uma simultaneidade, talvez) ao atual modelo de produção e acho (mesmo!) que este pode ser um caminho…
    Cheguei uma vez a postar aqui a vontade de ler algum post seu sobre este tema. Fica mais uma vez a dica…

  38. Felipe disse:

    Marcos, a planta é muito rica. Não é somente “fumacê”. Há tanta coisa para se fazer com ela, mas a ignorância segue em paralelo.

  39. jorji disse:

    O Denis não é ambientalista, é ecologista, membro do Greenpeace.

  40. denis rb disse:

    Obrigado pela dica, Monica!

  41. Chesterton disse:

    Denis, morei um ano em Bordéus, como dizem os lusos. Você não pode querer comparar o nivel de produtividade de um vinhedo na França, cujo metro quadrado de terreno deve valer o mesmo que o metro quadrado de um apartamento em SP, com o de um pomar de mamão próximo a Petrolina. Os proprietários rurais daquela região são barões em Paris. Agora, sim, se pode tentar comparar produtores de leite e agricultores em geral com seus pares daqui. O subsídio de uma vaca francesa paga a escola particular de 40 crianças no interior do nordeste. Logo, a atividade agropecuária na Europa é tão deficitária, que para manter algum gado e lavouras por lá, o contribuinte paga do bolso uma fortuna. E qualquer atraso os agricultores despejam leite aos quintilhões no chão da prefeitura. Definitivamente seu exemplo é inapropriado. O brasileiro, acostumado a pagar muitíssimo barato pela comida por causa do agro-negócio em larga escala, nunca aceitaria tamanho desperdício de tempo e talento.
    Para manter pequenas propriedades rurais rentáveis há 2 maneiras. Subsídeos e agregar valor. A questão é que agregar valor significa a necessidade de uma poupança parruda, alta tecnologia, anos de estudo, e….no final de contas essa pessoa altamente qualificada se dá conta que é mais fácil ganhar dinheiro na cidade, onde a vida é mais confortável e social.
    Mesmo em grandes propriedades a lucratividade é menor que a da poupança. Apenas a provável valorização do preço do imóvel impede o dono de vender tudo para um produtor maior e viver confortavelmente de renda na cidade.
    Não falo isso da boca para fora, meu avô foi pioneiro em técnicas de irrigação em grande escala na lavoura de arroz, se tivesse patenteado suas invenções, eu estaria rico (a “barquinha”, em parceria com os Schuman(?) – falava-se Schumarra, foi uma). Tudo hoje é de domínio público.

  42. jorji disse:

    Normalmente a qualidade de vida está associado à condição econômica sim, os países ricos tem qualidade de vida melhor do que os países pobres, os ricos vivem melhor que os pobres.

  43. carmen disse:

    Muito boa a sua colocação…

    Quem sabe soluções mais baratas e efetivas dessem um maior e melhor resultado e tirasse o nosso povo da miséria, sem terem que recorrer a bolsa-esmola e tudo o mais.

  44. denis rb disse:

    Veja só, Chesterton.
    Não estou mesmo comparando o Nordeste com a Europa. Minha questão é a mesma que a sua: agregar valor aos produtos. Não estou defendendo subsídios nem sugerindo que a comida deveria aumentar imensamente de preço. Mas acredito sim que, num ambiente em que o consumidor é mais exigente e sofisticado, há espaço para pequenos produtores que vendam caro produtos agropecuários diferenciados (orgânico é só um exemplo).
    Esqueçamos a França então (embora os franceses nessa história de agregar valor a produtos agropecuários). Vamos pensar na Califórnia então, onde eu morei. Lá não tem subsídio, mas tem pequeno proprietário feliz.

  45. denis rb disse:

    jorji,
    Não sou membro do Greenpeace, mas não tenho nada contra quem seja. Conheço gente muito boa que é. Conheço também gente muito ruim que é.
    Aliás, pela minha experiência no mundo, não sei de nenhuma instituição – empresa, partido, ong, governo – que não contivesse um certo número de gente boa e ruim.

  46. Chesterton disse:

    Denis, a California subsidia a agricultura. Onde não há subsídio, há preço, isto é, os consumidores estão desejosos (ou não tem alternativa) a pagar caro pela comida. O Brasil não tem a alta renda per capita dos californianos, então esses mercados vip serão sempre marginais. A não ser que o país se desenvolva e aumento o PIB antes, mas aí você tambem não quer.

  47. Chesterton disse:

    “Mas acredito sim que, num ambiente em que o consumidor é mais exigente e sofisticado, há espaço para pequenos produtores que vendam caro produtos agropecuários diferenciados ”
    chest 1. estamos falando de consumidor nordestino que passa fome (segundo seu post),2. sofisticação e exigência só com alta renda per capita, tem que elevar loucamente o PIB desta carroça.

  48. Anouk disse:

    Pois é, Chesterton você apontou bem a questao.
    O consumidor nordestino cultiva para sobreviver. Na Itália, por exemplo, há casos em que pequenos agricultores sobrevivem também, apeasr de possuírem produtos de alta qualidade. Seus produtos nao podem ser exportados por nao apresentarem as especificacoes; beleza e tamanho, determinadas pela Uniao Européia. Por sorte, alguns agricultores encontram chefes de cozinha interessados no produto e claro, sempre a boa feirinha semanal com fregueses que desembolsam alguns euros a mais num produto de qualidade garantida.

  49. jorji disse:

    A questão não é defender o subsidio ou não, uma nação tem que ver a agricultura como estratégico em todos os aspectos.

  50. Chesterton disse:

    Jorji, isso quer dizer que tem que subsidiar os pequenos e fracos ou apoiar os grandes e fortes?

  51. Felipe disse:

    No Brasil só se dá espaço para os grandes, vide a publicidade dada à Kátia Abreu, que conta com a simpatia de setores antagônicos da esquerda e da direita. O nosso pais é imenso, eu sei, mas não acho que devemos ficar dependentes da agricultura em grande escala. Até por uma questão de saúde e justiça social.

  52. jorji disse:

    Chesterton, o setor agropecuário como um todo, em vez de ficarmos eternamente criticando os países que o fazem, deveriamos fazer o mesmo, alimento é ou não é fundamental?

  53. denis rb disse:

    Chesterton,
    Não é verdade que eu “não quero” que se eleve o PIB. Só não acho que essa deva ser a finalidade única de toda e qualquer ação de um país. (Quantas vezes eu preciso repetir a mesma coisa para as pessoas acreditarem que o que eu quero dizer é aquilo que eu disse?)
    Deixemos franceses e californianos para lá, eles estão causando mais ruído do que ajudando. Vamos pegar um exemplo ali mesmo do sertão nordestino, só que do pedaço mais rico da região: Gravatá, na fronteira com a Zona da Mata. Lá há uma cooperativa de pequenos agricultores produzindo produtos orgânicos de alta qualidade. Eles organizam uma feirinha orgânica em várias cidades do estado, com apoio da prefeitura. Por exemplo, aos sábados, a feirinha é em Olinda. Se você for lá às 7 da manhã, não vai encontrar nada para comprar: a procura é tão grande que os consumidores chegam às 4. Em Olinda há sim poder aquisitivo para esses luxos (tipo preferir comida sem veneno). Em outras palavras: há demanda, há mercado, há possibilidades (pelo jeito, a demanda supera em muito a oferta).
    Mas as políticas públicas (vide transposição do SF) são pensadas exclusivamente para agradar ao grande produtor, ao agribusiness, porque isso tem um efeito muito mais imediato no PIB. Nada contra o agribusiness. Viva o agribusiness e os dólares que ele traz ao país, financiando inclusive parte dessa prosperidade que permite que haja um mercado consumidor para orgânicos em Olinda. Mas ele não pode determinar todas as políticas públicas. Algumas delas precisam levar em conta a viabilização do pequeno empreendimento, por mais que o retorno para isso leve décadas. Algumas delas precisam levar em conta a sustentabilidade do país, a preservação dos recursos que permitirão que haja agricultura possível na próxima geração. Se não, o que teremos é meia dúzia de grandões engordando e um imenso deserto avançando sobre os pequenininhos. E todo mundo sai perdendo (inclusive os grandões, que vão ficar sem mercado consumidor).

  54. jorji disse:

    A solução para o nordeste é realizar a reencarnação da SUDENE.

  55. denis rb disse:

    A solução então é tentar de novo algo que deu errado da primeira vez?
    (Einstein: “loucura é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes”)

  56. Chesterton disse:

    Jorji, exatamente, o preconceito é hoje em dia totalmente contra o agronegócio. Se você quer ser pequeno, seja, mas não venha depois querer que eu cubra o prejuizo. Sitio, pequenas propriedades dão 2 alegrias, na compra e na venda.

  57. Chesterton disse:

    Bom DEnis, eu tambem não creio que deva me dedicar 24 horas por dia a elevar o PIB nacional, de 6 a 8 horas diárias menos sábado e domingo está bom. Brincadeiras a parte, o problema do Brasil é que o ESTADO, a burocracia estatal nos 3 niveis não cabe no PIB brasileiro. O PIB tem que crescer para que a situação não piore ainda mais. A pobreza devasta a natureza muito mais que indústrias.

  58. Chesterton disse:

    Você acha que as tais feirinhas não aumentam o PIB?

  59. denis rb disse:

    Tenho certeza de que aumentam. É justamente esse meu ponto.

  60. jorji disse:

    Em relação a Sudene, foi uma brincadeira de mal gosto da minha parte, o que penso é que o nosso país, tem uma dívida com o povo do sertão nordestino, com a tecnologia agricola que hoje o mundo dispõe, aliado a um investimento sério, sem fins estritamente político, podemos sim, melhorar muito a qualidade de vida daquela gente simples e humilde, além é claro, dar uma base educacional a seus filhos de melhor qualidade, quando assistimos na tv, gesto de grandeza de pessoas semi-analfabetas tentando ensinar a ler e escrever as crianças da região, muitas vezes se dirigindo a pé, quilômetros e quilômetros, a uma escola que sequer tem paredes, temos mais que obrigação dar a essa gente brasileira como nós, a oportunidade de crescerem em todos os aspectos.

  61. Marcelo disse:

    Matar mosquitos, Marcos Filho? uahuahuahuahuahuahauhauhauhaha
    Acorda cara! Acostume-se, não adianta ficar com raivinha da gente, nós não vamos desaparecer nem deixar de usar maconha só pq gente desinformada e preconceituosa como vc acha que tem o direito de impor o seu estilo de vida às outras pessoas. uhauahuahuahuahuahauhauhuahuha

  62. Chesterton disse:

    Era uma vez um lugar que era muito miserável. Nesse lugar, bem longe de tudo, tinha um sitio mais miseravel ainda, onde morava uma familia composta de uns 7 indivíduos. O padre junto com o sacristão resolveu fazer uma visita a essa pobre gente, ver se era possível dar alguma ajuda.
    Chegando lá, notou que a entrada estava em péssimas condições, a porteira caída, as cercas deitadas. O terreno parecia um vassoural , pragas e ervas daninhas por todo lado. Apesar de grande, a propriedade era lastimável.
    A casa então, nem se fale, janelas caídas, goteiras, e o pessoal na cozinha com cara de lorpa.
    – Meus amigos – disse o padre – que tristeza. Como é que você conseguem viver assim.
    – Ora – respondeu o mais velho apontando para longe- a gente tem aquela vaquinha, que dá um leitinho para as crianças, fazemos uma coalhada, e a gente se vira com o que aparece.
    O padre subitamente compreendeu a situação e despediu-se se preparando para ir embora. Meio apressado, falou ao sacristão que o acompanhasse. Na saída, finalmente encontrou a tal vaquinha, a laçou e a jogou num barranco, matando-a para sempre.
    – Mas Padre-disse o sacristão – como é que o senhor faz uma coisa dessas, acabando com o único meio de vida dessa pobre gente?
    – Cale a boca – respondeu o padre – eu sei o que estou fazendo.
    E assim foi, o sacristão continuou sua vida, não segui a carreira e foi-se embora. Mas, muitos anos mais tarde, passando pela região lembrou-se do episódio há muito tempo esquecido e resolveu fazer uma visita àquelas pessoas, temendo que não fosse encontrar mais ninguém.
    Mas que nada, a porteira estava nova, tratores, caminhões, gado suíno, bovino, equino e que tais , árvores futíferas, lavouras, intensa atividade. Pensou logo que eram outras as pessoas que lá moraravam, mas não, acabou reconhecendo os antigos moradores, apesar dos anos todos desde a última vez.
    – Que transformação! Vocês eram miseráveis, nada tinham e agora estão muito bem de vida. Como foi que isso aconteceu?
    – Bem, a gente tinha uma vaquinha, aí ela caiu no barranco e morreu. A partir daí tivemos que nos virar…..

    Moral da história: a bolsa familia é a vaquinha do brasileiro, que perpetua a pobreza.

    TEMOS QUE JOGAR A VAQUINHA NO BARRANCO!

  63. Marcos Filho disse:

    É, Marcelo, tenho raiva sim. Já estou bem acordado pode ter certeza; não “viajo” com os olhos virados, fungando e tendo a falsa impressão que, por gostar de uma coisa, tenho o direito de impor os danos causados pelo meu uso a milhares de pessoas que nada têm a ver com isso. Mas isso não vem ao caso, não é?

  64. Marcos Filho disse:

    O Chhesterton está certo em muitos aspectos, principalmente quando cita a necessidade do agronegócio em escala industrial num país. Não concordo, apenas, com a sua posição de ser (aparentemente) contra as pequenas propriedades. As propriedades de pequeno e médio porte, indicam estudos, podem ser a solução para áreas improdutivas do nordeste. E a produção, que de fato tem uma qualidade diferenciada, não precisa ser necessariamente consumida pelo mercado interno, que de fato ainda não possui tanto poder de compra para absorver a oferta. Exemplo: o SEBRAE resolveu investir R$ 70 mil apoiando uma cooperativa potiguar na certificação do melão que produzia. Hoje, essa cooperativa exporta para a Inglaterra, com grande sucesso. Ou seja: naturalmente, não se trata de produtores independentes, mas de pequenos e médios produtores que conseguem jogar no mercado um produto diferenciado e com alto valor agregado.
    Agora, isso não quer dizer que, economicamente, o agronégocio deixaria de ser o mais importante para a balança comercial do país. Claro que não. Os produtores brasileiros nos dão uma das comidas mais baratas do mundo, e ainda são responsáveis pela saldo positivo em nossas contas. Mas afirmar que pequenas e médias propriedades não são viáveis é miopia.
    Só um parêntesis no comentário do Felipe: no Brasil, os produtores (sejam pequenos ou grandes) sofrem dificuldades de todo tipo, como já deixei claro em comentários anteriores. A Kátia Abreu não tem “publicidade” espontânea da mídia, mas sim por fruto de um excelente trabalho à frente da CNA. Compare a situação dos grandes produtores aqui (que convivem com a ameaça de invasões, acusações de “trabalho em condições análogas à escravidão” infundadas e militância) com a dos fazendeiros americanos, por exemplo. É um abismo. E o agronegócio continua sendo o melhor negócio para o país: o BNDES aponta que o agronegócio gera muito mais emprego a partir de investimentos do que os outros segmentos. Por exemplo, quando se investia R$ 1,0 milhão, enquanto a produção de artigos têxteis gerava 197 empregos totais e a média da agropecuária em si alavancava 187 empregos, a indústria de automóveis só gerava 85 empregos.
    Além disso, estudo da USP revela que, para cada R$ 1,00 aplicado na agricultura, são gerados R$ 3,86 na economia em menos de um ano. Por outro lado, na média Brasil, o acréscimo de R$ 1,00 no volume de investimentos por hectare elevava a renda agrícola bruta em R$ 2,57.
    Ou seja: é possível, viável e interessante investir em pequenos produtores através de alternativas viáveis economicamente, mas o foco dos grandes investimentos, naturalmente, deve continuar sendo o agronegócio em escala industrial. O que ocorre hoje com os pequenos produtores, para mim, é mais incompetência política que falta de vontade.

  65. Chesterton disse:

    Não sou contra a pequena propriedade, sou contra o a pequena propriedade que não seja lucrativa. Deu lucro? Tiro o chapéu. Sou contra o que certos políticos fazem, isto é, jogar a população contra o agro-negócio. Usam argumentos ecológicos, argumentos sociológicos e apelam à emotividade do povo. Uma vergonha. Agora o Plinio, o Velho, quer limitar em sei-lá-quantos hectares a propriedade rural do país. Um idiota.

  66. Marcos Filho disse:

    Isso Chesterton, direto ao ponto. Concordo plenamente: qualquer negócio, seja grande ou pequeno, deve ser viável economicamente.

  67. Felipe disse:

    Qualquer negócio precisa ser viável economicamente, Chesterton, isso é de uma “obiviedade óbvia”, porque senão a empresa entra em falência. Agora, esse desenvolvimento não pode passar pelos direitos da minorias, indios, quilombolas (que são os donsos de suas terras), não pode usar terras públicas, quem são nossas e não privadas. Além disso, o desenvolvimento não pode devastar o que resta de nossas matas, boi no Acre, que ridículo!!! Uma vergonha é querer lucrar a todo custo, sem nenhuma respeito ao meio-ambiente, à qualidade de vida da população brasileira!!!

  68. Felipe disse:

    Marcos Filho, o que temos que desenvolver é a indústria cultural (que deixa um monte de talentos no limbo, e, depois veem imbecis dizer que não produzimos música boa), a área de TI…Veja as maiores empresas dos EUA, Google, Microsoft, olha a gente, Vale,Petrobras e os frigoríficos bancados pelo BNDES. Então, precisamos mudar o paradigma do nosso desenvolvimento e não intensificar o existente. Tanto no plano “filosófico”, quanto no desafio da sustentabilidade, ponto vital da discussão e que não pode ser mais ignorada.

  69. JV disse:

    Não felipe, não é óbvio. O MST e ONGs mil estão aí dando prejuizo aos cofres públicos sem que ninguem fale sobre o assunto. Um texto bom sobre “desenvolver industria cultural”
    Tento não escrever apenas por escrever, preciso sentir a necessidade de externar alguma coisa pra sentar e concatenar pensamentos. Foi o que aconteceu no momento em que vi a reportagem de capa do Segundo Caderno de hoje. Nem precisei ler a matéria toda, bastou ver a foto de 7 atores com um semblante compungido na frente de uma estilização da bandeira do Brasil com notas de dinheiro e o sub-título: “Apesar da projeção internacional, a Cia dos Atores anuncia falência e o iminente fechamento de sua sede.” Mais do que as seções de política e economia, é na parte cultural de um jornal que se entende a mentalidade dominante que aponta pra onde estamos indo, e já faz tempo que a cultura nacional está amplamente estatizada com o apoio irrestrito dos jornalistas e intelectuais. A reportagem não estava meramente anunciando o fechamento de uma companhia de teatro, ela foi escrita com a intenção de sensibillizar as autoridades. A companhia tinha um patrocínio da Petrobras (o sonho dourado, quer dizer, negro dos artistas), mas por algum motivo o perdeu. “Não nos protegeram, não fomos contemplados e ficamos no limbo”, reclamou um dos atores. Qual é a premissa desse mimimi? A de que o estado tem a obrigação de “proteger” a arte. Claro que a arte é um conceito muito amplo, não é verdade? “Não queremos nos vitimizar, mas nosso caso serve como exemplo de uma situação crítica. Uma política desfavorável à continuidade de um trabalho de duas décadas que valoriza o pensamento, a reflexão e a arte, em vez do sucesso comercial”, lamentou outro ator. Eu também tenho um trabalho experimental que valoriza a reflexão e a arte, cadê o meu patrocínio estatal? “Entra nos editais.” Ah tá, então não é toda arte que merece dinheiro público, apenas aquela escolhida pelos políticos, burocratas e repórteres do Segundo Caderno, entendi. Outro dia um diretor de teatro que não sai desse mesmo jornal disse que “as pessoas têm que entender que a cultura é um direito”. Não é, e eu explico o motivo. Um “direito” exercido às custas dos demais não é um direito, é um privilégio. O “direito” que a Cia dos Atores tem de ter as suas contas pagas pelo governo corresponde ao dever dos contribuintes em pagar essa conta. Outra coisa que se nota, não por acaso, é a exaltação da arte “experimental” em contraponto à arte “comercial”. Ora, o camarada tem todo o direito de fazer as experimentações que ele quiser fazer, não pode é esperar que as pessoas sejam obrigadas a pagar por isso. Quer ser cult e fazer teatro experimental longe das preocupações mundanas e comerciais? Seja então realmente independente e pare de mendigar por tutela estatal, eis um bom começo.
    http://sol-moras-segabinaze.blogspot.com/

  70. Felipe disse:

    JV, o que vc disse é diferente do que eu penso em relação ao MST e Ongs. A pressão popular é vital, por mais que exista politização nessas organizações, mas muitos são críticos às ações do governo, que, diga-se de passagem, ainda protege os grandes do megócio com agricultura e pecuária. Mas o que penso é justamente o mesmo, eu sonho numa “indústria cultural” que seja alimentada pelas empresas privadas e não pelo Estado. Eu sou contra Petrobras financiar grandes espetáculos, enquanto que o papel do Estado é o de fomentar. Mas JV, isso fpo só um exemplo, tem muita coisa para se fazer neste país.

  71. Chesterton= JV disse:

    “ainda protege os grandes do megócio com agricultura e pecuária”
    Como é que é , AINDA?

  72. Marcos Filho disse:

    Felipe, deixa eu ver se entendi: no meu comentário, deixei claro que o investimento no agronegócio é, ainda, o melhor para o país. O retorno é certo e garantido, o país cresce, inclusive, apoiado nos rendimentos desse mercado. Você replicou afirmando que o que temos (atribuo esse “temos” ao governo, já que citei o BNDES) é “desenvolver a indústria cultural”. Bem, o JV descontruiu o seu raciocínio com uma pequena dose de bom senso. Mas aí você esclarece que “sonha” mesmo é com uma “indústria cultural” que seja alimentada por empresas privadas, e não capitaneada pelo Estado. Ah, tá. Bem, talvez você não saiba, mas o Brasil é um dos melhores países do mundo para se desenvolver projetos culturais. As leis de incentivo ao investimento na cultura, desde a Lei Sarney até a Lei Rouanet, incluindo as leis estaduais e municipais, utilizam de modo extremamente paternalista (para os nossos “artistas”, claro) a renúncia fiscal para atrair o capital privado e, assim, formalizar parcerias onde as empresas privadas patrocinam projetos de interesse do governo e, como contrapartida, recebem o direito de deduzir esse valor, integral ou parcialmente, de seus impostos. O problema, meu caro, é que 90% desses projetos culturais resultam em prejuízos calamitosos (que, em geral, são assumidos pelo Estado mesmo, mas assustam a maior parte das empresas). Como o JV disse, são os artistas cult, que, sei lá, querem tirar som de toras de madeira e levar a boa arte alternativa brasileira aos ouvintes da nação. Não têm público.
    Quanto à questão de investimento em TI… bem, gostaria de entender o motivo que leva a você imaginar que é mais interessante financiar a nossa TI ainda tacanha que o nosso moderno e tecnológico agronegócio. Talvez nós possamos competir pau a pau com empresas que têm, como vou dizer, um certo savoir-faire pelo tempo de mercado, como Microsoft, Intel, IBM, Google… “Ah, mas o futuro é a informática”. É mesmo? E se eu lhe disser que doze entre dez economistas colocam o Brasil entre as grandes superpotências mundiais do futuro por conta do potencial agroindustrial? Que a crise de alimentos que se avizinha do mundo globalizado é, na verdade, uma oportunidade de ouro para os países agro-exportadores? Na sua concepção, contudo, o melhor é parar de investir (e lucrar muito) nos produtores de carne, soja, laranja, etc, e investir em nosso potencial artístico e informático, que ainda engatinha. Talvez pudéssemos passar a viver da exportação de Gilbertos Gil e Seltons Mello. O Estado pode – e deve – investir mais em TI (idéia, aliás, defendida pelos malvados produtores no 9º Congresso de Agrobusiness, realizado em 2007 – aliás, a bancada “ruralista” foi responsável por aprovar um crescimento de 26% de investimento em TI no Brasil em dois anos, mesmo sendo o setor financeiro o grande comprador dessa tecnologia), mas não pode é parar de focar em quem é responsável, inclusive, pela grana que sustenta os nossos artistas mal-acostumados.

  73. Marcos Filho disse:

    Ah, e quanto à questão das ONGS e MST… Mas que tipo de pressão popular é vital? Essa??? E de onde você tirou que isso é “popular”? Qual é a representatividade, sei lá, da ONG Grupo Ecológico Calangos da Mata? E do MST, execrado pela maioria absoluta dos brasileiros? Afinal, que diabo de democracia é essa, que a população deve pernamenecer em constante mobilização? Se eu quero defender um direito, não me basta então eleger meu representante no Senado, nas Câmaras e nos cargos Executivos não, eu tenho que ser “engajado” e criar uma ONG (ou me filiar a uma das milhares espalhadas por aí – e financiadas com dinheiro público) para, então, disputar no grito com as outras. O Estado passa, assim, de representante da população a mero árbitro a priorizar demandas desses grupos, como você mesmo diz, politizados. Isso não é democracia, meu caro. Esse modelo, que infelizmente cresce assustadoramente no país, é deplorável. Não existem essas “massas populares organizadas” a pressionar o governo. O que existe é uma meia dúzia de gatos pingados, financiados pelo próprio Estado, a fazer pressão altamente politizada no governo, tirando o direito de muitos para entregá-los a poucos. Eu, cidadão e eleitor, votei em um deputado, e não na ONG Grupo Ecológico Calangos da Mata. Mas eles é que estão escolhendo as políticas públicas – à minha revelia, claro.

  74. Felipe disse:

    Haja distorção das minhas palavras hein. O MST foi demonizado pela mídia, em especial pela Veja, Globo e etc. Mas, nunca se discutiram a reforma agrária, que é vital para qualquer país se desenvolver plenamente. Vc sabia que as terras da Cutrale invadidas pelo grupo eram griladas? As coisas têm que ser vistas de todos ângulos e não unilateralmente. Outra coisa, não estou dizendo aqui para extinguir o agronegócio. Eu só acho que uma economia pautada por esse ramo de atividade, exportadora de commodities, é, na minha opinião, atrasada. E comparei aos EUA. É minha opinião e ponto. Você tem a sua.

    Já sobre a indústria cultural, o que quero dizer foi, novamente, deturpado. Eu sou de São Paulo e conheço a realidade do cenário, específico, do rock. O que tem de banda disposta a viver de sua música, mas que acaba abandonando o “sonho”. daí eles acordam para a realidade e vão ser jornalistas, arquitetos, publicitários. Será que não há nada de bom entre esses músicos frustrados? Nada com potencial comercial? Dúvido.

    Essas pessoas só querem conquistar seus objetivos, assim como os aspirantes do futebol, do tênis e de qualquer área.

  75. jorji disse:

    A produção de grãos por pequenas propriedades agrícolas é inviável.

  76. Marcos Filho disse:

    Pois que conquistem, ora essa! Todo mundo tem o direito de sonhar e perseguir seus sonhos. Só acho que ninguém tem a obrigação de pagar pelo sonho dos outros. Eu queria ser jogador de futebol na minha juventude, até tinha talento como segundo volante, mas optei pela economia. Fico aqui pensando que poderia ter sido eu, e não o Dunga, a ter erquigo a taça em 94, quem sabe? Meu alunos, no entanto, agradecem a minha dedicação diária. Só não entendo qual a relação dos “sonhos” artísticos ou futebolísticos com o financiamento do agronegócio pelo BNDES e pelos bancos privados (que, por sinal, conseguem um enorme retorno com isso). Eu não distorci a sua fala, Felipe, mas citei trechos e refleti sobre eles. Agora, se você se expressou mal, aí é outra história.
    Quanto às terras da Cutrale, não sabia até o comunicado oficial da empresa. Aliás, nem eu, nem você e nem ninguém do MST sabia que as terras eram griladas. Isso justifica a ação do MST? Não. Porque ele faria o mesmo em qualquer outra fazenda, grilada ou não. Se a terra era ilegal (como de fato a própria Cutrale adimitiu) ninguém do “Movimento” sabia, pois nada veio a público. Então, ter havido um crime anteriormente justifica um posterior? Meu amigo, por favor, né?
    E respeito a sua opinião sobre o agronegócio, Felipe. Mas é extremamente atrasada e viciada. Essa dicotomia entre “o agronegócio dos maus” e a “indústria dos bons”, na qual você insiste desde outros posts, é ultrapassada. Segundo você, em regra, o agronegócio seria aquele segmento que esgotaria os recursos naturais e pouco investiria em tecnologia. Errado. Outro ponto do seu pensamento é achar que o agronegócio se resume a commodities. Errado também. A cadeia do açucar e álcool, por exemplo, é um segmento que está se reinventando justamente graças à tecnologia. Até os anos 70, o açúcar era o principal produto das usinas. Depois, vieram o etanol e a co-geração de energia. Agora, a aposta são os bioplásticos. A Coca-Cola Company acabou de anunciar que irá fabricar garrafas PET com 30% de material à base de etanol de cana-de-açúcar. E o que está acontecendo hoje na indústria de açúcar e álcool vai se repetir em outros setores do campo.
    Depois de muito se esborrachar em políticas econômicas para tratar desacertos comerciais, depois de muito se endividar em troca de investimentos, finalmente o Brasil voltou o olhar novamente para a agricultura. Aquela mesma agricultura diversificada, rica, substanciosa que um dia nos gerou mão de obra, alimentos, consumidores para a indústria. Só que agora, parte dessa agricultura é industrializada, garantindo mais desenvolvimento econômico ao Brasil. E trabalhando também com derivativos.
    Só para encerrar a discussão, aconselho você a se informar um pouco mais sobre a cultura econômica americana. Você verá que o setor de tecnologia, naquele país, é o que menos gera empregos se comparado à sua contribuição econômica. Isso porque a maior parte da mão de obra utilizada pela Indústria Tecnológica está, veja só, no sudeste asiático. Que coisa, não? No Brasil, com a mão de obra caríssima que temos (antes de contestar, informe-se a respeito) uma indústria tecnológica forte, com pretensões de competir com potentados como a Intel, teria que adotar estratégia semelhante. A propósito, os EUA têm uma balança agrícola muito favorável, com uma produção estável, elevada e diversificada, e intensamente financiada – e protegida – pelo governo, sendo um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo. E ainda não precisam se justificar a ONGs, MSTs e outros engajados porque insistem em produzir comida.

  77. Marcos Filho disse:

    “Será que não há nada de bom entre esses músicos frustrados? Nada com potencial comercial? Duvido”.
    Ora, a internet, o MySpace, o Youtube e outros estão aí. Porque esses jornalistas cantores, esses arquitetos guitarristas, e esses publicitários bateristas não se viram como se virou, por exemplo, aquela menina da voz fanha, Mallu Magalhães? Estamos, mais do que nunca, na era do DIY (do it yourself) na cultura. Prova disso são os blogs que pipocam por aí. Todo dia, sei de um festival novo na universidade na qual leciono, por exemplo. E lá se vão dezenas de bandas juvenis, buscando seu lugar ao sol. E pelo Brasil inteiro, o que se fala é que estamos “na era dos festivais”, com novos músicos surgindo às margens das grandes gravadoras – e conseguindo sucesso e público. Então, o que querem esses jornalistas, arquitetos e publicitários? Querem a segurança de um cargo público? Tenha paciência, Felipe.

    Abraços.

  78. Marcelo disse:

    Marcos Filho, entenda uma coisa: nenhum maconheiro causa dano a outras pessoas somente por fumar maconha, os danos a que vc se refere, crime organizado, etc. são causados pela PROIBIÇÃO da maconha. Esta sua fala não faz o menor sentido, como é que usando uma substancia que age exclusivamente no MEU corpo eu poderia causar danos aos outros? O que “não vem ao caso” é querer responsabilizar usuários que só querem fumar seu cigarrinho em paz pelos danos que a PROIBIÇÃO traz.

  79. Marcelo disse:

    Tá com raivinha? Pq vc não vai reclamar com os criminosos de alta periculosidade que a Lei criou? Este tipo de marginal teria bem menos oportunidades de lucro se a maconha fosse liberada.

    Como disse não vamos desaparecer nem deixar de fumar maconha só pq gente que NÃO RESPEITA A LIBERDADE como vc acha que tem o direito de impôr seu estilo de vida. Ou vcs nos aceitam ou arcam com o ônus de viver eternamente numa guerra inútil bancada com dinheiro do seu próprio bolso.

  80. Marcelo disse:

    Marcos Filho, “pessoas que nada têm a ver com isso”?
    E o que é que VOCÊ tem a ver com o fato de eu e outros milhões como eu fumarem maconha? Pq vc se acha no direito de nos proibir disso ou daquilo?

  81. Nathália disse:

    Marcelo, o que você diz não faz sentido algum. Você retirou um trecho do que Marcos Filho afirmou e colocou em outro contexto. Quer ver, vou utilizar o contexto para mostrar: o fato de algumas pessoas insistirem em consumir drogas ilícitas, não se confirma como direito individual, pois fere o direito à segurança de “pessoas que não têm nada a ver com isso”. Pronto, é outro contexto. Acorda, você pode não estar nem aí, porque é um irresponsável e viciado. Mas eu prefiro proteger meus filhos desse mercado sujo e repugnante. Se o Estado brasileiro não é eficiente no combate, isso se deve a leis como a que livram bandidos como você, que financia o narcotráfico.

  82. Felipe disse:

    Nathália como vc é estressada! Aqui as pessoas estão tentando conversar democráticamente (eu pelo menos), seu pensamento é muito rota na rua, imediadita e sem visão causal. Marcos Filho, eu não discursei ou 80 ou 89 que nem vc disse – sobre o agronegócio – disse apenas que países mais desenvolvidos que nós não são meros exportados de commodities. Tem que fortalecer esse ramos, sem esquecer e fomentar outras áreas.

  83. Felipe disse:

    ou “8 ou 80” eu quis dizer

  84. Marcelo disse:

    Nathália, Vc é que está falando coisas sem sentido.

    O “fato” de determinadas drogas serem ilícitas não quer dizer em si que estas drogas merecem ser ilícitas. É o caso da maconha, que é infinitamente menos prejudicial do que drogas lícitas que vc mesma nunca condenou, como o alcool (que mata 22,5 vezes mais do que TODAS as drogas ilícitas somadas). Gente hipócrita, como vc, se recusa a reconhecer que a maconha (que até é usada como remédio em países desenvolvidos)não é uma substancia nociva ao ponto de ser proibida e perseguida da maneira como acontece hj, além do FATO de ser usada por MILHÕES de pessoas TRABALHADORAS E INOFENSIVAS como eu, que só querem fumar o seu cigarrinho em paz, sem nenhum hipócrita metido a “fiscal dos costumes” se achando no direito de IMPOR o seu estilo de vida aos outros. Não me chame de bandido, sua hipócrita, vc nem me conhece. Eu trabalho e estudo, o fato de usar maconha, ou não, não mede o caráter de ninguém.

    Este “mercado sujo e repugnante” e todo o crime organizado que hj está relacionado ao tráfico de drogas só exsite e tem tanto poder pq gente preconceituosa como vc acha que está “combatendo” as drogas ao proibí-las. Muito pelo contrário esta atitude só fortalece o crime organizado pelo simples fato que mantém todo um setor econômico multibilionário nas mãos de bandidos violentos. Se apenas o plantio caseiro de maconha fosse liberado a receita destes criminosos cairia em pelo menos 80%. Irresponsável é vc, que apóia uma guerra imbecil e infinita bancada pelo seu próprio bolso.

    O que “fere o direito à segurança das pessoas” é a proibição da maconha, entenda isso. E entenda tbm que nem vc, nem a polícia, nem o presidente, nem quem quer que seja será capaz de me obrigar (e a outros milhões como eu) a parar de fumar maconha. Acostume-se, como disse não vamos desaparecer. Se vc quiser mesmo acabar com a maconha no Brasil terá que começar a defender pena de morte para usuários.

    Quer mais segurança? Eu tbm quero. Quero poder fumar a minha maconha em paz, sem ser perseguido por gente hipócrita ou por policiais corruptos que vivem da propina paga por criminosos.

  85. breno disse:

    gratidão por mostrar o absurdo do pensamento dualista. de natal, brisas marinhas e espelhos.

  86. Marcelo disse:

    “bandidos como vc que financiam o narcotráfico” É mesmo? Então vc acha que maconheiros devem ser presos? OK. Agora responda quem é que vai pagar a construção e manutenção dos DEZ MIL novos presídios que serão necessários? Acorda mulher, suas idéias não têm a menor condição de aplicação prática.
    Fiquem aí, vc e o Marcos Filho, tentando acabar com a maconha fazendo propaganda contrária com estas mensagenzinhas bobas na internet, enquanto isso vou fumar unzinho em sua homenagem.

  87. Marcos Filho disse:

    Felipe,
    Li a matéria rapidamente, mas continuo sem entender a que ponto você deseja chegar. Se entendi direito, a cena musical paulista tem sobrevivido – e se desenvolvido – muito bem. Onde estão os arquitetos, publicitários e jornalistas frustrados, então? Ora, se o cenário musical tem conseguido sustentar-se, parabéns!, não é necessário que o governo deixe de focar em um mercado produtivo para focar em outro (que já possui diversas leis de incentivo e, portanto, investimento). Onde entram os agroindestriais nessa história toda?
    Para encerrar qualquer discussão, elenco os pontos referentes ao meu pensamento, deixando a sua opinião para você, não obstante ser ela ultrapassada:
    1. O agronegócio é excelente para o país, respondendo pelo crescimento econômico recente, empregando grande mão-de-obra e investindo pesado em tecnologia, o que faz com que o setor passe a trabalhar também com derivativos e represente a “menina dos olhos” do Brasil futuro;
    2. Não é o MST a ser “demonizado” pela imprensa, mas os produtores brasileiros, inclusive com a ajuda do MP;
    3. Mesmo produzindo a comida mais barata do mundo, os agroindustriais continuam sendo alvo de ONGs e organizações criminosas como o MST, que se querem “representantes do povo”, mas que, na verdade, lutam por interesses particulares, como a revenda de terras;
    4. A reforma agrária, enquanto processo, é necessária, mas sem os arroubos militantes de gente que não sabe plantar um nabo;
    5. O cuidado com o meio ambiente deve ser fruto de políticas públicas, embasadas por estudos confiáveis e em parceria com produtores, consumidores e moradores, mas de forma responsável e sem militância;
    6. Os pequenos e médios produtores podem ser interessantes para o país, mas deve ser considerado o potencial de seus negócios, e não somente a “qualidade de vida”, com o risco de matar de fome milhares de pessoas;
    7. Alternativas como a deste post são interessantes e viáveis, e podem ser utilizadas em conjunto com a idéia de cooperativas, por exemplo; e
    8. O desenvolvimento “sustentável” deve ser buscado, mas evitemos os ambientalistas.
    Por fim, deploro qualquer iniciativa de gente que quer falar em nome de uma sociedade que não os elegeu, os tais “movimentos sociais” (eu, ao menos, não estou “mobilizado”), representando na verdade uma pequena minoria que se quer dona dos direitos da democracia. Deploro também as iniciativas que vêm o Estado ( o dinheiro público, isto é, o nosso) como um pai bonzinho e filantropo, que deve carregar todos nas suas largas costas até realizem seus “sonhos”.
    É isso. Tenha uma boa tarde.

    Abraços

  88. Marcos Filho disse:

    Nathália,

    É normal que nos irritemos com a postura de quem é favorável à liberação das drogas apenas por motivos pessoais, justificando a postura irresponsável com o ridículo pretexto de “direito individual”, particularmente se perdemos alguém querido para as drogas, quer seja na guerra que corrói nosso dia-a-dia, quer seja para o vício (não sei se é o seu caso, apenas exemplifico). No entanto, como o Marcelo bem lembra, não são esses comentários que o farão mudar de idéia: ainda que a internet tenha alcance e público, seu potencial, infelizmente, costuma ser bem mais eficaz em iniciativas de propósitos negativos. O fato é que, gastar saliva (ou a ponta dos dedos) com essa gente é inútil, além de acabar por criar um foro para que façam apologia às drogas. Essas pessoas, que perderam há muito seu norte moral, insistem em declarar suas torpes posições aos quatro ventos e é normal que nós, sabedores do quanto é prejudicial, especialmente à formação das crianças e dos adolescentes, a divulgação dessas declarações, difundindo a droga como algo positivo, charmoso e até inofensivo, sintamos necessidade de deixar exposto a insustentabilidade dessas falas, pois sabemos que acabam reforçando a posição do dependente químico e estimulando pessoas que, de outra forma, não teriam disposição para experimentar um entorpecente. Mas costuma ser inútil. São pessoas que desconsideram o altíssimo custo das instituições para recuperação de viciados, o contrabando, as crianças e o tráfico internacional. Pessoas como o Marcelo, onde faltam família, lógica ou bom senso, que talvez já tiveram importantes partes de seus cérebros danificadas por essas substâncias, que mal conseguem organizar idéias, não precisam de argumentos, mas de tratamento.

    Abraços.

  89. jorji disse:

    Reforma agrária nos dias de hoje é inviável, nos EUA, onde a agricultura é bem mais desenvolvido, apenas 4% da população ainda vive nos campos, e os produtos agricolas representam 1% do PIB americano, isso sem contar a agroindústria. O MST representa o atraso, a maioria que ganha as terra não conseguem sobreviver da atividade agrícola, que é ingrata e difícil, em pouco tempo eles abandonam as propriedades que ganhara, gerando um ciclo interminável, além disso, hoje é necessário suporte de natureza tecnológica no campo, requer um investimento alto. Produtividade da terra, modernizar o meio de transporte agrícola, tecnologia, ainda estamos no atraso em relação à produção agropecuária, o que o país precisa é modernizar e planejar melhor o setor agrícola, e junto com subsídios, talvez possamos um dia ser o celeiro do mundo, o que eu duvido.

  90. R. R. Dias disse:

    Nossa, esse texto me emocionou de verdade…

    Penso parecido, mas é a primeira vez que vejo isso escrito em qualquer lugar. Nunca esbarrei com um estudo ou uma reportagem que tratasse dessa constatação —que me parece óbvia. O crescimento econômico nem sempre é reflexo de uma vida melhor…

    Queria estudar essas coisas, ler gente que já se debruçou sobre o assunto.. não sei por onde começar. Você tem alguma idéia?

    Um abraço!

    P.S.: só descobri nessa semana esse seu espaço. Li quatro textos seus e vou lendo mais, feliz em saber que temos gente como você num veículo de grande abrangência como a Veja. Parabéns e tudo de bom!

  91. denis rb disse:

    Meninos, vcs se comportaram enquanto eu estava na praia ou ficaram brigando?
    😉

  92. denis rb disse:

    Poxa, fico feliz e honrado com a visita de vcs, R. R. Dias e breno. Valeu!

  93. denis rb disse:

    Só esclarecendo um ponto polêmico importante:
    Não defendo que se subsidie o pequeno agricultor. Subsídio, como incentivo, tende a funcionar mal e a ser quase impossível de revogar. Quando defendo que haja políticas públicas voltadas ao pequeno proprietário, estou falando de programas como o de construir cisternas para que a própria família seja dona de seus recursos hídricos (como no exemplo acima). A família entra com a contrapartida de ajudar na construção e aprende a manter a bichinha. A velha história de ensinar a pescar. Em troca do investimento, o país ganha mais atividade econômica (PIB) e mais cobertura vegetal, que impede a desertificação. A longo prazo, tenho certeza de que isso trará mais resultado do que a transposição do São Francisco, que é um presente grátis do governo federal ao agronegócio.

  94. Marcelo disse:

    Sabe de uma coisa Marcos Filho…
    Pessoas como vc, que possuem um “norte moral” assim bem escroto que lhe dá o direito da sair julgando gente que nem conhece e nunca viu fazendo acusações sem a menor noção do que diz não merecem debater comigo.

    Nunca me faltaram “família, lógica ou bom senso”. Sou um trabalhador concursado e estou no último período do curso de História na UFPE. Isto mesmo, em breve estarei dando aulas para crianças e jovens (e não será a primeira vez). Nunca discuti este assunto com crianças ou adolescentes antes mas não tenho receio de fazê-lo. Não me inporto com o que vc, com a sua mente cheia de estereótipos pra rotular as pessoas, pensa.

    Vc é uma pessoa extremamente preconceituosa e grosseira, não lhe cabe fazer considerações sobre a vida de pessoas que vc nem conhece. Por favor se dê o respeito.

  95. jorji disse:

    Será que cisterna vai funcionar a longo prazo, como insiste o Dênis. Será que o uso do rio São Francisco para irrigação não será mais produtivo? Ou será que o uso indiscriminado desse rio não comprometerá a vida deste rio? Se não me engano, na antiga União Soviética secaram um grande lago que era usado para a irrigação, será que fizeram um estudo criterioso para o uso do rio São Francisco? Ou será se Deus quizer?

  96. Felipe disse:

    Marcos Filho, você critica tanto a “militância”, mas milita cegamente pelo agronegócio, sem olhar para os aspectos negativos. Adora tanto suas ideias que não muda nem um milimetro, com um uniletarismo igualmente cego, mesmo quando lhe é apresentado ARGUMENTOS. Será que você representa alguma empresa, quem sabe a Monsanto, ou é um executivo do Credit Suisse que concede empréstimo-ponta para madeireiros japoneses que devastam “sustentavelmente” a Amazônia? ou para agricultores que plantam soja atravessando os limites da fronteira agrícola?

  97. Marcos Filho disse:

    Felipe, talvez você não tenha lido meus primeiros comentários. Não quero continuar a discussão, veja bem, apenas esclarecer as suas indagações. Não, não trabalho para uma grande organização agroindustrial, tampouco sou executivo do Credit Suisse Group. Não “milito” pelo agronegócio. Inclusive, se você ler meus primeiros comentários, verá que sou a favor das pequenas e médias propriedades, da forma como são apresentadas nesse texto. Se há uma causa que defendo, aí sim com o rigor de estudioso do assunto, é o potencial econômico do agronegócio. E nesse grupo incuem-se as pequenas e médias propriedades que geram lucro, através de idéias como as deste post, ou de cooperativas, por exemplo – inclusive rebati alguns argumentos do Chesterton contra tais propriedades. Conheço todos os desvios que ocorrem no campo, como grilagem, invasões e desmatamento. Só não entendo porque as pessoas tendem a adotar essa “causa” e esquecem de que o ponto é o governo e não os agroindustriais, como se estes últimos fossem demônios do mundo moderno. Issso eu não admito, sobretudo se levarmos em conta as ações de grupos como o MST, que desrespeitam a Constituição, ou do Ministério do Trabalho, que vem perspegando a pecha de “escravocrata” em tudo quanto é de produtor rural. Acredito em diversas medidas úteis para combater os desvios do campo, mas não acredito na militância que está em curso Brasil afora, que tende a encarar o agronegócio como vilão, quando isso é falso. Devemos debater formas de conter o desmatamento (a Embrapa e a CNA – que você deve odiar – encaminharam diversas propostas ao governo) e produzir com o mínimo de agrssão ao meio ambiente. Mas convenhamos, o que boa parte dos “militantes” dos quais falei querem é acabar com o agronegócio, simples assim. E a isso eu me oponho.
    Quanto a mudar de raciocínio… bem, eu atá mudaria. Mas você não apresentou nada que justifique investimentos maiores do governo na “indústria cultural” e na indústria de tecnologia em detrimento do agronegócio. E eu apresentei dados que sustentam meu raciocínio. Isso é unilateralismo?

    Abraços.

  98. Parece que alguém ai precisa ler sobre Bastiat e a Falácia da Janela Quebrada, não é, senhor Denis?

  99. Gilberto Rios disse:

    Excelente visão entre o que é ser “ambientalista”e “não-desenvolvimentista”.

  100. Julio Marco Alves da Silva disse:

    Acho que um ponto interessante sobre a polêmica “preservação x desenvolvimento” é um resumo possível do que li em sua coluna:

    “Desenvolvimento sustentável” é a proposta de um desenvolvimento econômico que possui uma certa indulgência para com a sobrevivência da especie e a felicidade das pessoas… enquanto que a sobrevivência da espécie e a felicidades das pessoas deveria ser o motivo principal do desenvolvimento econômico.

    Acabei concordando com você: sustentável é pouco! 🙂

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