Carta aberta ao prefeito de São Paulo

Hoje de manhã vi este grafite incrível no beco do Batman, na Vila Madalena, em São Paulo.

Me fez pensar. Você já notou que não se vê mais crianças na rua em São Paulo? Pelo menos não no centro expandido.

Comento isso por aí, parece que muita gente acha normal. Com essa violência, com esse trânsito, criança não pode mesmo ficar na rua. E elas têm videogames ótimos e super educativos. Elas nem querem mesmo sair.

Pois tem uma coisa que eu preciso dizer: não é normal.

Crianças pequenas têm praticamente todas os neurônios que terão na vida adulta. A diferença entre elas e nós é que elas têm pouquíssimas conexões entre os neurônios. Desconectados, eles não são capazes de fazer nada muito complexo. Em compensação, as desconexões tornam o cérebro imensamente flexível, capaz de aprender qualquer coisa. Com o tempo, essas conexões – as sinapses – vão se formando e a mente vai se tornando capaz de coisas impressionantes.

Para que as sinapses se formem, é preciso estímulos. Se o cérebro tem que lidar com uma situação na tenra infância, torna-se cada vez melhor em tarefas do mesmo tipo. Se ele não treina, não aprende. E, depois que chega a idade adulta, é tarde demais – a maleabilidade do cérebro vai embora.

Pois então, crianças que não saem à rua estão simplesmente abrindo mão de uma imensa quantidade de estímulos. Tem uma pesquisa dos anos 1990, do urbanista americano Bruce Appleyard, que mostra que meninos e meninas que vão de carro para a escola são menos capazes de desenhar mapas e de entender abstrações espaciais. Ao negar-lhes a rua, estamos simplesmente impondo limitações cognitivas aos nossos filhos. Em nome da segurança deles (um valor obviamente positivo), estamos tornando-os menos capazes de pensar o espaço e de se situar no mundo.

Pior ainda: ao fazer isso, restringimos o círculo social das nossas crianças. Elas interagem com menos gente e todas são muito parecidas entre si (é na rua que as diferentes classes sociais se encontram). Isso também é uma falta de estímulo, e também determina indivíduos que, quando crescem, serão menos capazes de conviver com a diversidade. Num mundo globalizado, essa habilidade é fundamental para ter sucesso.

Outro efeito é que, por passar menos tempo nas ruas, nossas crianças tornam-se menos felizes. Uma pesquisa de 2008 (Stutzer & Frey) mostra que, estatisticamente, pessoas que passam muito tempo dentro de carros são mais infelizes e têm menor capacidade de encontrar sentido na vida.

Resolver esse problema, na minha opinião, deveria ser a maior preocupação do prefeito de São Paulo. Para mim, se uma cidade reduz a capacidade cognitiva e a felicidade de suas crianças, não se pode dizer que seja uma cidade boa. Nada pode ser mais importante que isso.

Daqui a 4 anos, haverá Copa do Mundo no Brasil. A abertura, aparentemente, será em São Paulo.

Gente do mundo inteiro virá para cá. Eles vão andar pelas ruas de São Paulo e vão notar uma coisa: não há crianças brincando na rua.

Outro dia conheci alguns jovens arquitetos que têm um projeto interessante que lida com essa questão. A ideia básica é criar a “linha verde”, uma rede de parques lineares, construídos no meio de ruas secundárias, cercados de árvores, com uma grande ciclovia e vários espaços de lazer (cinemas, mesas de jogos, bibliotecas, quiosques, futebol, vôlei, taco, bocha). Essa linha verde ligaria todas as atrações do centro expandido da cidade – museus, estádios, praças e parques, monumentos, ruas comerciais. Ligaria também estações do metrô e poderia ser um bom caminho para chegar de qualquer lugar a qualquer lugar no centro expandido. Seria um espaço público, no qual a cidade se encontraria.

O projeto não sairia muito caro e seria viável ter o sistema basicamente pronto a tempo para a Copa. Os arquitetos nem fazem questão de ser remunerados: ficariam satisfeitos em ver a ideia implantada. A cidade não perderia nenhuma pista de circulação para os carros – só teríamos que abrir mão de vagas de estacionamento no meio-fio.

Não sei você, mas eu acho que a felicidade das nossas crianças vale mais do que o espaço para estacionar o carro de alguém. Voto em implantarmos esse projeto.

Prefeito, você tem uma ideia melhor para lidar com esse problema?

70 comentários
  1. Leonardo Xavier disse:

    Realmente Denis, parece ser uma iniciativa interessante e eu achei bem legal a postura colaborativa, gente querendo melhorar o espaço urbano e não simplesmente querendo vender um projeto arquitetônico verde.

  2. Lívia Ascava disse:

    eu concordo e gosto das reflexões que o post me traz, sobre a necessidade urgente de políticas públicas que convidem as pessoas a vivenciarem a cidade, com o projeto e tal.

    mas o argumento principal e sem duvida impactante de que não se vê crianças brincando na rua pra mim, ainda bem, não é uma verdade. eu moro a um quarteirão do minhocão e posso dizer que há muitas crianças na rua sim. se você vier agora na minha casa e sentar na minha sala, vai escutar a cantoria delas. se subir dois quarteirões vai encontrar provavelmente a rua fechada pelas crianças jogando bola. e algumas de bicicleta. se descer, também. se subir o minhocão, a mesma coisa.

    hoje é véspera de feriado. mas nos dias de semana não muda muita coisa. quando eu chego tarde das reuniões, na porta do meu prédio tem umas crianças sentadas. geralmente, elas estão escutando música, juntas, que vem do celular de uma delas. elas dançam, também… mas se você andar um quarteirão para a direita, tem a avenida angélica. e quanto mais avança, menos crianças vai encontrar na rua. embora ainda encontre algumas. principalmente se subir até a praça buenos aires ou descer até a praça marechal deodoro.

    o que eu estou querendo dizer com isso é que existe um outro fator e uma outra realidade aí no meio. que esta simbolizada nessa história pela avenida angélica. essas crianças que estão na rua da minha casa (e os pais delas) podem não saber o quanto são corajosos. mas, ao mesmo tempo, as pessoas sabem que aqui tem crianças na rua. é comum os carros andarem mais devagar quando caminham por aqui. e nem passarem pela rua que elas fecham pra jogar bola.

    há uma diferença entre a cidade dizer: eu quero você aqui! e há também uma diferença nas pessoas dizerem: eu quero estar aqui! se apropriarem dela, ainda que na unha. talvez mais pessoas, como eu, estejam com esta mesma sensação de: pô eu vejo crianças brincando na rua da minha casa! e daí o post quase não serve para a gente. nós temos mesmo poucas crianças brincando nas ruas. muito menos do que deveria. e nós precisamos é de espaço adequado para que as crianças que já estão na rua possam convidar outras pra brincar.

  3. jorji disse:

    Coitadinho das crianças paulistanas, não podem brincar nas ruas, são criadas pelas creches, muitas moram em apartamentos, tem pais super estressados, a diversão é um passeio em shopping, respiram um ar poluido, muito barulho nas ruas, estudam em escolas ruins, etc, realmente moramos no melhor país do mundo, o duro, é que Maringá está indo pelo mesmo caminho.

  4. uiu cavalheiro disse:

    é extremamente importante essa convivência que nos é dada nas ruas. não só pras crianças mas para todos nós. o grande problema é Brincar em QUE rua se não temos nem mais ruas para caminhar.
    Eu volto dos trabalho todo dia a pé pelo simples prazer de andar e afirmo, com muita tristeza, que os espaços das ruas são cada vez menos pra pessoas, que dirá para crianças. é muito dificil caminhar por ai quando se tem um pensamento urbanistico totalmente voltado para os carros. As pessoas, nesse caso, iam sim sentir falta de umas vagas a mais no meio-fio pelo simples fato de que não pensam nas ruas como um espaço de convivência ou de caminhada. as ruas acabam sendo só meios de se chegar de um espaço privado a outro.

    Concordo com a Lívia de que essas crianças que ela mencionou são, mesmo que sem saber, corajosas.
    Então, pra mim, a principal política a ser aplicada é a de se fazer com que os carros não sejam mais vistos como única possibilidade de transporte. uma política de respeito ao pedestre que todos somos. de incentivo ao uso desses espaços. só assim os adultos e crianças passarão a ohar a rua de uma forma mais amistosa.

  5. Felipe disse:

    A primeira medida do prefeito é voltar a fechar a Avenida Paulista para as pessoas no domingão. O primeiro passo para a volta a socialização.

  6. Claudinha disse:

    Qdo o Santos foi campeão, a cidade toda foi comemorar na Praça da Indepenência, perto de casa, fui para a orla ver a festança, e o que me chaVmou muito a atenção foram famílias inteiras rumando para a praça, muitas crianças, carrinhos de bebês. Fiquei admirada, porque em Sampa nesse tipo de comemoração, só louco leva criança !!

  7. Carlos N Mendes disse:

    Caro Denis, no momento você publica, de longe, a coluna mais honesta desta revista. Mês passado escrevi ao jornal local (Santos, SP) sobre como nós, cidadãos, abandonamos as ruas. O assunto era violência; ao deixamos as ruas vazias, deixamos espaço para os criminosos se tornarem donos delas. E daí todos os derivativos dessa situação: assaltos, medo, muros de 3 metros de altura, cercas elétricas, castelos-condomínios, etc. É um problemna grave e vai se tornar gravíssimo nos próximos anos. Seu artigo expôs uma faceta ainda mais cruel do problema, e trouxe uma possível solução. Muito obrigado por mostrar que tem gente pensando no assunto; infelizmente, não vejo isso em nenhum governante. Quase só temos aproveitadores e burocratas; estadistas são raros, quase abstrações do passado. E tudo indica que essa eleição não vai mudar isso. Um abraço.

  8. Lucas Migotto disse:

    Muito interessante. As árvores são fundamentais para incentivar. Em um país tão quente, usar bicicleta e caminhada para se deslocar sob o sol é um sofrimento. Eu já tentei e sei como é.
    E já que estamos em período eleitoral, não custa nada encaminhar este projeto para os nossos candidatos também, não é?

  9. Jorge Pessoa disse:

    A criança vivenciar a cidade é fundamental, e pra isso tem que estar na rua. Não necessariamente brincando, pode estar simplesmente andando. Procuro sair de ônibus com meus filhos nos finais de semana (dia de semana é mais difícil…)para passear pela cidade. Vamos até a Paulista e de lá pegamos o metrô até a Liberdade. As crianças adoram!!
    Pra mim, é a melhoria do transporte público que vai lavar as pessoas para a rua, e as crianças irão junto!! Com mais pessoas na rua, a segurança aumenta, e mais pessoas vão se sentir confortáveis para sair também. E assim por diante.
    Agora Denis, esse papo de que “os arquitetos nem fazem questão de ser remunerados: ficariam satisfeitos em ver a ideia implantada” precisa ser tão combatida quanto a falta de crianças na rua!!!
    Um abraço,
    Jorge.

  10. chrysleide disse:

    “linha verde” aprovado

  11. helo aranha disse:

    Que alegria ler esta matéria! Se não fizermos pelas crianças o que será deste país? Criança precisa BRINCAR!!!! e muito! é ai que ela se descobre e descobre o mundo em que ela vive e se relacionará enquanto porque aqui viver! Não é saudável passar o dia integral na escola porque não se sabe o que fazer com elas! Valeu! Tomara levem adiante este projeto! PARABÉNS!

  12. Daniel Alves Neves disse:

    Parabéns pelo texto e pela obra de arte que tem um significado que mostra o horror que é a sociedade do automovel. No fundo é o que ocorre ao negar o espaço para as pessoas (isso mesmo pessoas, crianças são mini pessoas)por causa dos carros, os carros atropelam nossas vidas, nos deixando burros…

  13. Luciana P Mussak disse:

    Denis, parabens pelos excelentes estimulos que nos da toda semana. Puxa vida, sera que seria pedir muito `as autoridades esta tal linha verde? Venho de Curitiba e la o Jaime nos legou tanta coisa bacana, mas eu diria que mais por lideranca dele do que por politica em si…grande abraco.

  14. Felipe disse:

    Ps: Fechar a Paulista para carros no domingo(quiça para outras avenidas) e abrir para atividades culturais e esportivas.

  15. Norma disse:

    Acho a idéia excelente, mas será que nossos governantes abraçarão a idéia. Espero que sim. Boa sorte a todos nós, pq quem sairá ganhando serão as crianças

  16. Glauco disse:

    Denis, parabéns por mais este excelente post!
    Precisamos mesmo de bons projetos de infra estrutura implantados pelo estado, mas algumas dúvidas ainda me perseguem: O que precisamos fazer, enquanto sociedade civil, para que as pessoas se apropriem do espaço urbano das grande cidades? São as obras que nos farão “ocupar” as ruas? O que há de essencial diferença entre as cidades grandes e as pequenas cidades do interior?

  17. jorji disse:

    Peladinha de futebol, betis, carrinho de rolemã, pipa, rela rela, esconde esconde, queima, etc, pra quê?, se hoje as crianças tem tudo isso numa tela de cristal líquido, o tal de video game, no meu tempo o play ground era a rua, hoje se resume a um quarto fechado comendo chipps. Hoje passo pela rua onde passei a minha infância, e não vejo nenhuma criança brincando nas ruas, eu fui moleque de rua, de conga e calção, ia na escola junto com os amiguinhos a pé, vivia brigando, de bicicletas íamos caçar, pescar e nadar, me lembro dos jogos sexuais, das frutas que roubavamos nas chácaras, no meu bairro morava familia de italianos, alemães, espanhóis, portugueses, japoneses como eu. Cresci e aos 19 anos sai de Maringa, com 42 anos voltei para a minha terrinha e me fixei novamente nesse chão vermelho, e quando passo pelas ruas , realmente poucas crianças nas ruas, o progresso tirou as crianças das ruas, e colocou o monstruoso veículo no lugar, hoje Maringá tem a terceira maior frota de veículos do país por habitante, visualmente a cidade é hoje mais bonita, mas mais perigosa, prendamos as crianças.

  18. paula disse:

    Que bom Denis que tem voce ai pra dar uma sacudida !! outro dia ouvi dizer que na verdade video game faz bem porque deu na capa da VEJA !! “ajuda a desenvolver a inteligencia ” ,,, vai ver que o Saramago tem razão quando diz que ta tudo perdido!

  19. jorji disse:

    Outro assunto que deve ser abordado, o número excessivo de edifícios residenciais em nosas cidades.

  20. Chesterton disse:

    Há trabalhos que dizem que os jogos de computador e internet são excelentes estímulos para as crianças. Bem, a verdade é que a realidade de meus filhos difere enormemente da minha, da minha infancia. Meus interesses iam de rolemã (era um irresponsavel, vivia quebrado), futebol na rua (outra irresponsabilidade), aeromodelismo, natação, bicicleta, e a deles é skate (um amigo morreu atropelado no Rio recentemente), futebol na praia e no clube, natação na praia e no clube, bicicleta na Lagoa e na praia, internet. Ei, além de quase tudo que eu fazia, eles ainda tem internet? O que eu não daria para ter internet na minha infancia…..
    Na verdade, criança brincando na rua é coisa de país subdesenvolvido. Aliás, criança nas ruas em horário escolar dá cadeia para os pais em certas cidades do hemisfério norte.

  21. Chesterton disse:

    jorji, você quer o quê, mais edificios comerciais? (rs)

  22. Bruno H disse:

    eu, sinceramente, fico abismado quando vejo crianças brincando na rua.
    nunca me calhou que rua seja lugar de criança brincar…

  23. Bruno H disse:

    jorji,
    maringá é realmente uma cidade linda e agradabilíssima mas, de uns tempos pra cá, tenho notado, a cidade vem crescendo loucamente e é necessário tomar cuidado para não acontecer o mesmo que ocorreu com a minha decadente curitiba…

  24. Chesterton disse:

    Bem, manter uma cidade arejada e descentralizada requer energia e vias para transporte, na conjuntura atual, estradas e petrõleo.

  25. denis rb disse:

    Jorge Pessoa,
    Claro que entendo sua implicância contra arquitetos que não fazem questão de ser remunerados por um projeto específico. Você – que é arquiteto e tem dois filhos para criar – obviamente se ressente do fato de vivermos num país onde só quem ganha dinheiro com construção são as grandes construtoras e as pessoas tendem a não ver valor num bom projeto.
    Mas deixa eu te oferecer uma perspectiva da minha indústria, o jornalismo (que também movimenta milhões em publicidade e tende a remunerar muito mal os “free lancers” que produzem o conteúdo – o que explica sua baixa qualidade). Um amigo meu, jornalista free lancer americano, costuma dizer que há três possíveis motivações para aceitar um trabalho. Os três Ps, em inglês: profit, people e portfolio. Traduzindo: lucro, gente e currículo. Vale a pena aceitar um trabalho se 1) ele paga bem, 2) ele te põe em contato com gente legal que pode abrir caminhos ou 3) ele te permite realizar um trabalho marcante, que tornará você conhecido no mercado.
    Nesse caso específico, acho perfeitamente compreensível que um grupo de arquitetos jovens, com uma empresa nova, tope disponibilizar um projeto transformador para uma cidade tão problemática quanto São Paulo. É o terceiro “p”, portfolio: imagine quantas outras cidades poderiam contratá-los se eles tiverem no currículo o feito de ter dado uma solução para a lógica urbana de uma das piores cidades do mundo, São Paulo. Quantas cidades do Brasil ou do mundo não poderiam contratá-los depois?
    Além disso, ao oferecer o projeto à cidade, de maneira aberta, “open source”, eles dão um novo caráter a ele. Não estão tentando “vender” uma ideia. Estão simplesmente propondo e convidando outros a participar da solução.

  26. denis rb disse:

    paula, Chesterton,
    É verdade sim que videogame é estímulo. Jogar videogame estabelece sinapses, forma conexões. Crianças criadas com videogame tornam-se muito mais familiares com computadores e com a lógica do mundo digital, o que é obviamente importante neste mundo de hoje. Não sou contra os videogames.
    Mas não acho que uma coisa substitua a outra. Não pode substituir. Não dá para abrirmos mão de desenvolver inteligência espacial, ou das interações sociais verdadeiras. Isso seria a fórmula para criar uma geração sedentária, incapaz de entender a riqueza dos espaços urbanos, desconectadas de suas cidades. E a consequência disso serão cidades mais desertas, mais desconfortáveis e mais perigosas.
    Londres, Nova York, Paris, Bogotá, Vancouver, Melbourne, cidade do México, Rio de Janeiro ( a lista é gigante) já perceberam isso e estão trabalhando para mudar de lógica. São Paulo vai mesmo ignorar essa onda? Queremos mesmo ser a pior cidade do mundo?

  27. Chesterton disse:

    Denis, teria que demonstrar que a pracinha e a rua são mais benéficas para o desenvolvimento da criança que o playground, a praia e o clube. Crianças que hoje ficam na frente da internet 24 horas por dia na minha época ficavam a frente da TV 24 horas por dia.

  28. jorji disse:

    Chesterton, numa cidade de 330 mil habitantes, ter 1.000 edifícios de mais de 7 andares, e mais de 200 em construção, crianças criadas em prédios residenciais limita o desenvolvimento de uma criança , casas em terrenos de 150 m2, num país com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, mostra que não existe planejamento urbano.Bruno, Maringá está caminhando para ser uma Curitiba sim, morei lá há 30 anos atrás, como era bom a sua cidade. As crianças aprendem com facilidade o uso do computador, não há como viver hoje em dia sem computador e o maldito celular, nem sem o automóvel.

  29. denis rb disse:

    Chesterton,
    As pessoas são diferentes umas das outras. Há pais que preferem sua crianças dentro de casa, e obviamente eles têm todo direito. Só acho lamentável quando a cidade não dá opção. São Paulo não dá opção. A rua aqui é dos carros, não das pessoas. Ponto.
    Minha briga não é por proibir os carros: é por permitir outras formas de conviver com o ambiente urbano sem que isso implique em arriscar a vida. Não estou dizendo que todas as crianças devem ser forçadas a conviver nas ruas. Só acho terrível que aquelas que querem não possam.

  30. jorji disse:

    Já fui em várias cidades brasileiras, na maioria sequer tem uma calçada de pedestres decente

  31. jorji disse:

    Não é por acaso que o número de acidentes de trânsito com óbito no Brasil tem um índice altíssimo, e atropelamento nas grandes cidades brasileiras é impressionante, a forma de violência e criminalidade de um país retrata de forma fiel a natureza de sua população, essas situações que o Denis nos coloca é consequência daquilo que somos, não são as ruas que são perigosas, somos nós que somos perigosos, motoristas são gente, motociclistas são gente, a forma como conduzimos os veículos põe em risco a vida alheia. É óbvio que o planejamento urbano nunca existiu, mas acima de tudo, transformamos as ruas em um lugar perigoso, o maior problema são as pessoas.

  32. Chesterton disse:

    Não sei se me repito, mas a vida no campo é ótima para quem sabe pastar. Já lhes ocorreu que talvez seja isso que as pessoas querem? E que as que não querem são livres para morar num sítio. Morar no conforto da civilização tem um custo, quem não quer pagar esse custo não vai usufruir de internet, etc, etc,….

  33. denis rb disse:

    Olha, Chesterton,
    Honestamente acho que você está simplificando algo que é muito mais complexo. Por que um paulistano tem que pagar um custo tão maior que um navaiorquino ou um bogoteño?
    Na realidade, penso que é quase o contrário. Paga-se um custo alto para viver numa grande cidade. Em troca desse custo, a cidade dá a chance de viver numa comunidade diversa e vibrante, de troca de ideias e de inovação. Pois eu acho que abrir mão do convívio e do espaço público de qualidade é abrir mão da maior vantagem que a vida urbana deveria ter.

  34. Carlos N Mendes disse:

    O Chesterton deve ter razão. Eu tinha orgulho de minha cidade, essa muralha à beira-mar erguida para o dinheiro paulistano se refastelar nos finais de semana. Em 1999, um tio que vive no Canadá veio me visitar. Ao mostrar-lhe a vista da baía de Santos lá da ilha Porchat, ele disse: “nunca vi prédios tão colados”. Não lembro, em minha vida, de alguma ocasião que uma ficha tenha caído tão rapidamente. Me dei conta que minha cidade era um desastre urbano, onde o roubo da luz do sol, do vento, da privacidadee do espaço comum eram uma constante. Pior, AS PESSOAS GOSTAVAM. Passei a me sentir como o aquele menino solitário que diz que o rei está nu. 11 anos depois, conto nos dedos as pessoas que concordam comigo, e isso só acontece quando o cidadão vê sua vista do quinto andar bloqueada pela duzentézima torre de 30 andares erguida nessa ilha. Ou seja, o cara que roubou as benesses da casa vizinha só se dá conta de seu crime quando roubam dele também. Hoje temos a Lei das Cidades, que completa 10 anos, mas ainda não foi regulamentada. E talvez nunca seja, já que estamos todos entorpecidos. Sendo assim, sejamos felizes com nossos videogames e TVs a cabo.

  35. jorji disse:

    Prédios, prédios, prédios……….carros, carros, carros, Nova Iorque é Nova Iorque, São Paulo é São Paulo, EUA é EUA, Brasil é Brasil, não dá para comparar, são as pessoas, são as pessoas, é elementar.

  36. Willian Cruz disse:

    Condomínio – carro – escola – carro – condomínio – carro – shopping – carro – condomínio. Não deixo meu filho ter uma vida dessas, ele não merece isso.

  37. Chesterton disse:

    Esse é o grande dilema brasileiro, para modernizar, tem que derrubar tudo. Como Hausmann fez em Paris. Por natureza eu detesto planejadores da vida alheia, mas sem um mínimo de planejamento as cidades virarão favela (ops, comunidades). Eu mesmo queria sair da orla da Zona Sul do rio para um lugar mais amplo, como Barra ou recreio, onde as benesses citadas no post são mais fáceis de se ter. mas quem disse que convenço os outros daqui de casa? Não, querem continuar na Zona Sul, mesmo sabendo que é meio apertado.

  38. André Fernandes disse:

    É incrível como a globalização cria problemas a sí mesma.
    É como um vício, quanto mais se usa a droga mais dependente se torna o usuario, quanto mais dependente se torna mais droga usa, como se o uso da mesma aliviasse a dependência.

    Nesse mesmo sentindo anda a globalização. Os meios de comunicação vieram para solucionar problemas, pricipalmente, econômicos para diminuir a distância entre os países, alcançando assim “novos mercados”.
    As cidades cresceram e as distâncias entre a cidade encurtaram, LITERALMENTE. Encurtaram tanto que não se tem mais espaço nos centro das cidades.

    E a linha ver? é solução?
    pode até ser, mas paleativa, por um curto espaço de tempo.
    Creio que o problema não foi citado em nenhuma parte do texto e dos comentários abaixo.
    Creio que o problema está ligado a algo macro, que como a analagia do “víciado” é promovido TAMBÉM pelos veiculos de comunicação.
    O problema é o medo que tomou conta da sociedade, é a guerra fria que até hoje existe.
    Portanto, não serão parques que vão fazer crianças irem para ruas e sim a expanção de consciencia, que tem início na EDUCAÇÃO.

    O pior não é como será o olhar dos turístas em relação e sim como será o nosso olhar ao ver os filhos e os netos.

  39. Felipe disse:

    Chesterton, “meio apertado”?? aehuhea é demais, muita gente, minha irmã tá morando em Copacabana e é um pre´dio do lado do outro, todos em seu “apertementos”.

  40. chesterton disse:

    E porque ela não sai de lá?

  41. Lucas Migotto disse:

    Dênis, você conhece os bike boxes nos EUA? Não sei se isso é permitido perante à legislação brasileira, mas, para mim, é uma exelente idéia. A intenção seria de aumentar a segurança dos ciclistas nos cruzamentos.
    http://streetswiki.wikispaces.com/Bike+Boxes

  42. Carlos N Mendes disse:

    Só duas ressalvas. As pessoas gostam de condomínio, ouvir discussão de vizinho através da parede, esquema apto-carro-escola-emprego-carro-escola-padoca-locadora-apto, TV, videogame, Orkut, e vários etc. Por mais que seja impossível voltarmos atrás, deve ser levado em conta que, nos últimos 70.000 anos pelo menos, nossos corpos se adaptaram a correr, caminhar, passar fome, encarar todo o tipo de extremo de temperatura, colher, caçar e ter medo. Fizemos isso por mais ou menos 3.000 gerações, mas as duas últimas deixaram tudo isso de lado. Por mais adaptativos que sejamos, não temos a capacidade de emergimos como “homo tecnologicus” de uma hora para outra. Esse choque comportamental trará sequelas, e antes de mergulharmos de cabeça nele temos que ter certeza que nenhuma dessas sequelas será permanente. E por fim, realmente não me sinto confortável em ser refém de coisas apoiadas em equilíbrios tão frágeis, como eletricidade, água encanada ou supermercados, mesmo sabendo ser quase impossível viver sem elas. É muito saudável desenvolver raciocínios em cima desses temas, até para descobrirmos os erros antes que seja tarde demais.

  43. denis rb disse:

    Lucas Migotto,
    Bike box é uma boa ideia. E tem um monte de boas ideias vindo de planejadores urbanos do mundo inteiro: as bike highways inglesas, por exemplo, são revolucionárias: vias livres rápidas de bicicleta que procuram levar ciclistas ao centro expandido, provavelmente com velocidade média equivalente à do carro.
    Nenhuma – nenhuma, nenhuma, nenhuma – dessas boas ideias está influenciando, até hoje, o planejamento paulistano. Nossas “ciclovias” (fictícias) continuam se baseando em conceitos antiquíssimos.

  44. Fátima Lima disse:

    Concordo plenamente. E as que vemos nas ruas, principalmente no centro expandido, dão a mesma impressão que esta da foto – abandonada. Numa ponta ou na outra a sensação é a mesma: NOSSA CIDADE NÃO É PARA CRIANÇAS!!!

  45. jorji disse:

    Crianças brincando nas ruas é raro, mas tem muitas crianças nas ruas de nossas cidade, muitas roubando, meninas se prostituindo, se drogando…………

  46. denis rb disse:

    é óbvio, jorji
    Se a cidade abandona as ruas, alguém vai ocupá-la. Se não há gente passeando, caminhando, brincando, passando, você torna as ruas um paraíso para traficantes, ladrões, usuários de drogas, prostitutas.

  47. Polyana disse:

    Denis, as cidades do interior, por incrível que pareça, também sofrem do mesmo mal: as crianças abandonaram as ruas. Por medo do trânsito, da violência, e até mesmo pelo estímulo das “brincadeiras virtuais” que os prendem em casa. Moro no interior de MT e tenho uma filha de 9 anos que não sabe sequer andar de bicicleta, nem tem vontade de aprender. Não anda na rua, não vai a lugar nenhum sozinha, tem medo de atravessar uma rua, nunca pensou ou quis andar a pé para chegar a escola. Tenho pena porque minha infância foi o oposto e foi simplesmente fantástica. Me preocupo mas também tenho medo. Ficamos prisioneiros da nossa própria armadilha. Não podemos culpar a violência, ficou muito cômodo pra todos nós não criarmos espaços para as crianças e as prendermos em casa, dá menos trabalho e menos preocupação. Concordo com você, no futuro essa perca fará falta…

  48. jorji disse:

    A maioria de nossas cidade não tiveram um plano diretor, planejamento urbanístico para que se tornassem mais humanas, ocupações desordenadas não apenas na periferia, mas em toda a cidade, numa cidade de pouco mais de 300 mil habitantes ter mais de mil edifícios residenciais é um absurdo, fossem apenas residencias, com lotes com área de no mínimo de 600 m2, ruas espaçosas, um povo mais educado, que pelo menos respeitassem as leis de trânsito, teriamos cidades em que o convivio seria melhor, tentar solucionar o erro que foi cometido custará muito caro.

  49. Bruno H disse:

    Denis, até agora você não se pronunciou sobre a eleição… e aí?

  50. VERLÂNDIO TRINDADE DE SOUSA disse:

    O QUE PARA SER EU LEI!? LEI PARA DERIVAR EU DO LATIM LEX DE LEGERE_PARA ESCREVER EU. ETIMOLOGICAMENTE: LEI PARA SER EU O QUE PARA ESTAR EU (É A PALAVRA VARIÁVEL EM PESSOA NÚMERO TEMPO E MODO) ESCRITO. O MESTRE JOAQUIM DOMINGOS RORIZ PARA DEFINIR EU LEI NO SENTIDO JURÍDICO:” PARA SER EU A REGRA JURÍDICA ESCRITA INSTITUÍDA PELO LEGISLADOR NO CUMPRIMENTO DO MANDATO QUE LHE PARA SER EU OUTORGADO PELO POVO”. E PARA ACRESCENTAR EU : A LEI 329/16/10/2000 POIS PARA SER EU O PRECEITO ESCRITO FORMULADO SOLENEMENTE PELA AUTORIDADE CONSTITUÍDA EM FUNÇÃO DO PARA PODER EU QUE LHE PARA SER EU PARA DELEGADAR EU PELA SOBERANIA POPULAR E NELA PARA RESIDIR EU A SUPREMA FORÇA DO ESTADO. OLHAR-LHA-EI http://WWW.EDIMARPIRENEUS.COM.BR/EDIMAR/BRAZ/ NÃO PARA TER EU PROJETOS E LEIS APROVADAS: LEIS APROVADAS POR EDIMAR PIRENEUS COMO PARA PARLAMENTAR EU ” A TRÊS DOIS NOVE DE DOIS MIL”. O QUE PARA SER EU FEITO O QUE PARA SER EU DE JOAQUIM DOMINGOS RORIZ O CONCEITO DA LEI 329/16/10/2000 PARA SER EU O JOAQUIM DOMINGOS RORIZ OU SEJA PARA SER EU A LC TRÊS DOIS NOVE DE DOIS MIL DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL E PARA SER EU TANTO QUE O EDIMAR PIRENEUS CARDOSO JOSÉ EDMAR DE CASTRO CORDEIRO CONSELHEIROS: DO TCDF ANTÔNIO RENATO ALVES RAINHA, MANOEL PAULO DE ANDRADE NETO ETC. PARA SER EU LIDERANÇA DELE O JOAQUIM DOMIGOS RORIZ E NÃO EU POR PARA TER EU SIDO ELEITO PRESIDENTE NA (DA)FORMA DA (NA)LEGISLAÇÃO ELEITORAL NA (DA) ASTEX POIS PARA SER EU O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO TIDO DAS FAMÍLIAS PARA ELEGER EU COMO NO PLEITO DE 03/10/2010 DE PREITO MAS O JOAQUIM DOMIGOS RORIZ PARA DERROCAR EU O REGULAMENTO O DECRETO 21.230/2000 QUE MAVIOSO. O FIM NÃO JUSTIFICA OS “MEIOS”, MEIA, MEIO; NA VERDADE, OS “MEIOS”, MEIA, MEIO SÃO O QUE NOS DEFINE COMO PESSOA CORRETA E MORAIS E DE MAU CARÁTER É FILÓSOFO PARA NÃO APROVAÇÃO DA LEI TRÊS DOIS NOVE DE DOIS PELOS RESPONSÁVEIS. A DAD SQUARISI MEIO, MEIA É UMA COISA E MEIOS É OUTRA COISA TOTALMENTE DIFERENTE, MEIOS, MEIO, MEIA NÃO TÊM AS MESMAS FUNÇÕES MORFOLÓGICAS. EU TROCO, VENDO, NEGOCIO OU É NEGOCEIO O VOTO , MAS ANTE DE O QUAL É PRECISO 0 012921612003.
    Certidão autêntica
    Esta é uma Certidão de Quitação Eleitoral autêntica emitida pela Justiça Eleitoral para o seguinte eleitor:
    Eleitor: VERLÂNDIO TRINDADE DE SOUSA Inscrição: 012921612003
    Data Nascimento: 15/03/1970 Filiação: DORACI TRINDADE DE SOUSA.
    FRANCISCO DE SOUSA VIDA. COMPRO E VENDO VOTO CRIME NÃO HÁ. Fale conosco
    Solicitação enviada com sucesso. O número da solicitação é: 75620.
    EU A DENUNCIO COMO INCURSA EM TODOS OS CRIMES DO CÓDIGO PENAL, EM TODOS OS MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS.A VÓS, ARTISTAS, EU A DENUNCIO COMO O ROUBO DO TRABALHO; A VÓS, CAPITALISTAS, COMO O ROUBO DA PROPRIEDADE; A VÓS, MAGISTRADOS, COMO O ROUBO DA LEI; A VÓS, SENHORAS, COMO O ROUBO DA MATERNIDADE; A VÓS, PAIS, FILHOS, IRMÃOS, COMO O ROUBO DA FAMÍLIA; A VÓS HOMENS LIVRES, COMO O ROUBO DA LIBERDADE; A VÓS, MILITARES, COMO O ROUBO DA HONRA; A VÓS, HOMEM DE COR, COMO O ROUBO DE IRMÃOS; A VÓS, BRASILEIROS, COMO O ROUBO DA PÁTRIAÍA… SIM, A TODOS EU A DENUNCIO, ESSA ESCRAVIDÃO MALDITA, COMO O FRATRICÍDIO DE UMA RAÇA, COMO PARRICÍDIO DE UMA NAÇÃO.

  51. roger disse:

    Como se sentem os colaboradores da Veja lendo os comentários sobre a revista. Principalmente no Twitter (Trending:Brazil) ?

  52. Mariana V. disse:

    Salve o meu preferido! Você! Ou melhor, o blog, é claro! O seu blog foi citado – como sugestão – no meu blog. Dê uma passada lá, verifique, é uma honra. http://cpmari.blogspot.com/ Sinto-me extrema e excepcionalmente bem lendo seus artigos. Dão-nos motivação. Obrigada e parabéns! Beijos, Mariana

  53. Mariana Silveira disse:

    Recife, assim como outras cidades brasileiras, padece do mesmo problema, com o agravante de que não só as crianças, mas também os adultos não desfrutam mais das ruas. Além da violência e da utilização excessiva dos carros, falta o mínimo de estrutura urbanística que levem as pessoas à caminhar. As calçadas e a iluminação em Recife são péssimas. Sem falar na grande quantitade de lixo e camelôs especialmente no centro da cidade. Quem vier a Recife perceberá, por exemplo, que a Avenida Boa Viagem tem ótima iluminação, calçamento e policiamento. Mas se andar um par de quadras, verá duas importantes avenidas do bairro com péssima iluminação e calçadas. Eu, quando vou a São Paulo, já sinto a cidade muito mais convidativa às caminhadas do que Recife.

  54. Alexandre Praça disse:

    Denis, acabei de voltar de Frankfurt onde fiquei maravilhado exatamente com a idéia do corredor verde. Lá existe um cinturão-parque que abraça todo o centro da cidade. De maneira que você nunca está mais do que 3 quarterões longe de um lugar cheio de árvores e lazer para relaxar. O cinturão também tem ciclovia para quem quiser chegar a qualquer lugar “cortando caminho” pelo parque. Pelo que averiguei essa idéia genial não custou nem metade do que custou o alargamento da marginal em São Paulo. Agora, Denis, cá entre nós, eu acho que essas suas colunas estão muito fora de lugar. O que você está fazendo aí na Veja?

  55. Carlos N Mendes disse:

    Se nós voltássemos a conquistar as ruas, teríamos nossos apertamentos E a rua como espaço. Convercer-nos de que 60 metros quadrados para viver é um máximo foi obra de empreiteiros mais preocupados em economizar cimento na hora de destruir nosso espaço urbano. Esses “engavetadores de gente” venderam, para um país de 8,5 milhões de km2, o padrão japonês de moradia. Quase não se encontra escrúpulos nas diretorias de nossas construtoras, não há a mínima intenção em se preservar qualidade de vida. Pior que isso: em agosto, 7 empreiteiros foram presos em SP, Minas e Brasília por envolvimento com tráfico de drogas. Se alguém quiser saber como ficará São Paulo se for deixada na mão dessa gente, é só visitar Balneário Camboriú, SC – emparedamento do vizinho, praia e primeiros andares em sombras eternas, “solo criado” (multinha para quem se exceder na metragem máxima permitida para o terreno), lojas que mudam de mãos em questão de semanas – não tem coisa melhor para se fazer uma lavagem de dinheiro do que um imovelzinho.

  56. Lizandra M. Almeida disse:

    Oi, Denis!
    Adorei seu texto. Me lembrei de uma jornalista que estudou urbanismo e escreveu muito sobre isso, a Jane Jacobs. No livro “Morte e vida de grandes cidades”, que ela escreveu na época em que NY construía o Harlem e os EUA entravam nessa mentalidade de condomínios padronizados, ela diz que a melhor maneira de se criar um filho é na calçada. Não existe bronca mais efetiva do que a do vizinho, quando a criança chuta a bola no portão dele. Diz também que os bairros precisam ser mistos, com comércio na esquina, para que as pessoas possam andar a pé. E que quanto mais altos os muros construídos para a segurança de quem está dentro, mais inseguras ficam as ruas. Se acontece alguma coisa na rua e você vê de sua janela, tem condições de chamar a polícia ou até de intervir. Mas se você está dentro do seu presídio particular, pode acontecer o que for na calçada que ninguém vai tomar conhecimento.
    Acabei de voltar de Brasília, uma cidade que é tão certinha que me deixa intrigada. Andei pelo Sudoeste, um bairro novo, que tem esse pique de centros comerciais acessíveis e pracinhas no meio dos prédios que não podem ter mais de seis andares. Mas falta um pouco da vibração e do imprevisto de São Paulo e Rio, que imagino devem desenvolver mais sinapses na gente…

  57. KATIA GONZALEZ disse:

    Denis, mais uma vez as suas palavras repercutem na Comunidade Traveland, exigindo-nos reflexões! Grande abraco de toda a Equipe Traveland

  58. denis rb disse:

    Valeu, Katia!
    Lizandra, Jane Jacobs era incrível.

  59. Augusto Aneas disse:

    Bem lembrado Lizandra, a Jane Jacobs é uma referência muito forte para quem trata das questões urbanas contemporâneas. É ela que se recorre aos “olhos da rua” quando defende que o uso e a apropriação da rua pela população são os principais instrumentos de segurança e bem-estar de uma cidade. Uma pena que hoje em São paulo (pelo menos no centro expandido), seja praticamente impossível encontrar os olhos de crianças simplesmente usufruindo das ruas e recebendo esses importantes estímulos que o Denis comentou. A experiência da rua é vital para as nossas crianças, não apenas para o desenvolvimento da sua percepção espacial, mas também para o entendimento do que é a uma vida coletiva urbana.

  60. denis rb disse:

    Opa!
    Bem vindo à discussão, Augusto. Pessoal, o Augusto Aneas é um dos arquitetos que estão propondo o projeto que discuto acima.

  61. Mariana V. disse:

    Adorei o projeto que você inseriu no artigo. Tanto é que, enviei para amigos e professores. Em outras palavras, divulguei. Eu achei sensacional! Parabéns aos criadores!

  62. Denis, enquanto pessoas como nós pensamos no meio ambiente e vc mostra esse projeto das árvores no meio da avenida, o governo da cidade e do estado resolvem que devem arrancar um monte de árvores aqui no meu bairro em prol de um projeto de transporte eleitoreiro e feito às pressas para poderem inaugurar antes das proximas eleições para Prefeito… Dá uma olhada:

    http://vivaoparque.wordpress.com/2010/09/29/o-progresso-chegou-a-vila-ema-via-aerotrem/

    E olha que legal… O Google fotografou o local do crime antes que pudessem passar por cima de tudo…

    http://vivaoparque.wordpress.com/2010/09/30/vejam-as-arvores-que-foram-arrancadas-pela-prefeitura/

    Absurdos…

  63. Paulo Verano disse:

    Parabéns pelo ótimo artigo, que li atrasado mas reli adiantado!

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