Ciclovias são para vocês, motoristas

São Paulo tem uma rede de ciclovias só comparável à das cidades mais miseráveis da África, uma vergonha que depõe contra a cidade. Tem menos ciclovias do que Bogotá, Belém ou Sorocaba, cidades muito menos populosas e ricas. Houve alguns avanços microscópicos nos últimos anos, como a ciclovia da Marginal Pinheiros, que talvez venha a ser útil daqui a algumas décadas, quando estiver conectada às vias e às redes de trens e metrô (bastaria que um vagão fosse exclusivo para ciclistas com suas bicicletas), mas o cenário geral é de descaso. Gilberto Kassab, o prefeito da cidade, foi tão omisso no que se refere a esse assunto quanto qualquer prefeito antes dele.

Por que é assim? Por que a cidade trata tão mal aquelas pessoas que decidem se locomover de uma maneira que reduz o trânsito, as emissões de poluentes e melhora os indicadores de saúde da cidade?

Ativista demonstra na Avenida Paulista o tanto de espaço que um carro ocupa no trânsito

Parte da razão provavelmente tem a ver com um paradigma cultural. Kassab, como qualquer prefeito recente antes dele, tem carro. Ele está acostumado a ver a cidade através de um para-brisas. Ele é incapaz de criar empatia com um daqueles malucos suando lá fora –  simplesmente não consegue se colocar no lugar deles.

Por conta disso, nem passa pela cabeça dele o imenso absurdo que é construir uma nova ponte na cidade, com a pretensão de ser um cartão postal paulistano (a Ponte Estaiada), sem prever acesso para pedestres e ciclistas. Ele nem consegue imaginar o quanto nossos cruzamentos são ameaçadores para quem pedala, o quanto faz falta sinalização adequada. E não é só do prefeito que estou falando. Pouquíssima gente que trabalha na secretaria de transportes e na companhia de engenharia de tráfego pedala em São Paulo. Para eles, as ruas são dos carros – é esse o paradigma cultural no qual eles vivem.

Muitos motoristas têm o mesmo problema: eles estão tão acostumados a ver as ruas cheias de carro que acreditam que é assim que as coisas são, por natureza. Ciclistas são intrusos na ordem natural das coisas. Por conta disso, muitos motoristas, às vezes até bem intencionados, buzinam quando vêem uma bicicleta à sua frente. Na sua incapacidade de se colocar no lugar do ciclista, eles nem percebem que buzinadas são perigosas e desestabilizadoras para quem depende de ouvidos apurados para se manter vivo. Outros passam pelos ciclistas sem respeitar a distância mínima de 1,5 metro entre o carro e a bicicleta, colaborando para o altíssimo índice de mortes de ciclistas na cidade.

Nessa cegueira por causas culturais, o prefeito e os motoristas nem percebem o óbvio: ciclovias seriam boas para todo mundo, inclusive para os motoristas. Cidades com redes cicloviárias bem planejadas, como Londres, Nova York, Paris, Estocolmo, San Francisco, Bogotá, Copenhague têm muito menos trânsito. Vocês não querem menos trânsito, motoristas?

Sem ciclovias, vocês motoristas terão que dividir o espaço comigo. Eu pedalo no meio da pista, tranquilamente, sem pressa, e vou fazer isso enquanto não houver um espaço decente dedicado para mim. Você quer mesmo ter que dirigir devagarzinho atrás de mim? Não seria melhor dedicar uma faixa para mim e para os outros ciclistas da cidade, para que o seu carro tivesse também um espaço exclusivo e tudo fluísse melhor?

Ser contra uma boa rede cicloviária é ser a favor da lei do mais forte – da barbárie que vigora hoje em dia em São Paulo. Aqui carro maior tem mais direitos. Eu odeio ter que viver numa cidade regida por essa lógica tosca. Mas, se a lógica é essa, posso jogar o jogo: contra a ameaça de morte constante que os carros me oferecem, só o que tenho é a ameaça de chutar o retrovisor alheio.

Motorista, você não preferiria viver numa cidade que respeita o mais fraco e em troca ter seu espelhinho preservado?

49 comentários
  1. Acho que rolou uma pequena errada no tom no final… Mas o conceito é esse mesmo Tráfego segregado para bicicletas é para os motoristas. Sempre foi assim, desde as ciclovias nazistas! 😉

  2. ricardo galvão disse:

    kkkk
    Gostei do tom do final…
    Mas é uma briga boa…estamos torcendo e nos mobilizando aqui no RJ também….

  3. Yara Achôa disse:

    Falou tudo o que eu gostaria de falar, Denis! Arrasou!!!
    Beijo,
    Yara Achôa

  4. Palmas disse:

    Esperar que se faça uma malha de ciclovias é padecer no paraíso. Acredito muito mais na eficiência e no custo reduzido de implantação das ciclofaixas. “Aquelas pessoas que decidem se locomover de uma maneira que reduz o trânsito, as emissões de poluentes e melhora os indicadores de saúde da cidade”, você tem toda razão, elas deveriam deveriam ter prioridade.

  5. Raphael disse:

    Denis, esse é um problema crônico brasileiro. Moro na linda Florianópolis e não tenho carro. Minha locomoção é caminhando por aí e muita bike. Tirando a Av. Beira Mar, qualquer outro lugar é desprovido de ciclovias, que aqui são encaradas como área de passeio, e não como meio de transporte. O trânsito está cada vez pior, e não há beleza que salve a qualidade de vida perdida numa cidade tão bonita e tão sem ciclovias.

  6. Leonardo Xavier disse:

    “Motorista, você não preferiria viver numa cidade que respeita o mais fraco e em troca ter seu espelhinho preservado?”

    Espero que seja metafórico, eu acho que esse tipo de atitude em termos práticos só fomenta ainda mais a cultura de ódio e violência no trânsito. Já pedalar devagar no meio da rua eu acho um protesto válido e pacífico. Talvez organizar umas pedaladas caóticas, acho que aconteciam no EUA e sinceramente eu não lembro a cidade, já seria uma atitude que daria mais visibilidade e não acirraria violência entre motoristas e pedestres. Será que não era muito mais válido.

    Tirando essa crítica eu acho superválido, alguns amigos fizeram intercâmbio na Suécia e eu achei fantástico o respeito que os motoristas mostram pelos ciclistas.

  7. Robson Rastaman disse:

    yeah man! toda iniciativa que facilite a locomoção de ciclistas é valida.
    É um sinal de respeito àqueles que curtem uma pedalada!
    Uma rede cicloviária reduziria poluição, trânsito excessivo, diminuiria o sedentarismo, entre outros benefícios como a redução de acidentes envolvendo ciclistas. Uma boa idéia em cidades onde o projeto é viavelmente possível.

  8. mauro disse:

    Eu era feliz e não sabia, pedalo já alguns anos faço o trajeto Itaim Paulista Guarulhos via acostamento da rodovia Airton senna, Qual não foi a
    minha surpresa acabaram com o acostamento em mais ou menos 5km de cada lado da rodovia para aumentar o numero de pistas e consequentemente acabar com a lentidão diária nesses trechos.Já era difícil enfrentar o acostamento rezando para sobreviver a cada dia, agora sem acostamento acredito que muitos que fazem o mesmo percurso não mais o farão.

  9. Roger disse:

    Eu entendo o ponto do autor porém discordo em alguns momentos.
    Concordo que deve haver uma educação por parte dos motoristas e também dos ciclistas.
    É muito comum ver ciclistas no meio de avenidas movimentadas de manhã ao invés de permanecer do lado direito, próximo ás calçadas. Muitos entram no meio dos carros, assim como as motocicletas sem qualquer atenção e em dias de chuva, o que aumenta ainda mais o perigo.

    Pergunto: Se um ciclista que não estiver prestando atenção e estiver no meio de uma via movimentada e perigosa e sem o equipamento de proteção (luzes, capacete e etc) for vítima de um acidente: De quem é a culpa?

  10. Marcio disse:

    Caro Roger, dê uma olhada no artigo do Código de Trânsito Brasileiro:

    Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

  11. jbarros disse:

    Quase toda tarde cruzo com um ciclista voltando do trabalho. Invariavelmente ele se mete ziguezagueando por entre os carros e fica esbravejando contra motoristas, sem motivo aparente. A impressão muito forte é de que ele está apenas militando. É um militante do ciclismo. Não é o único. Adoraria que SP tivesse ciclovias para todo canto. Mas não é criando mais um tipo de radicalóide que vamos resolver a questão. Se as ciclovias não existem não é motivo para o surgimento de ciclochatos, que já começam a pipocar aqui e ali. Quem anda de carro para o trabalho não é contra ciclovias nem é o responsável pelo péssimo serviço público de transportes do país. A falta de ciclovias também não é desculpa para idiotas quebrarem o espelho dos carros. É o mesmo que já fazem motoqueiros maleducados.

  12. Ricardo disse:

    A discussão sobre as ciclovias decorre também aqui deste lado do atlântico, em Portugal, bem como um pouco por todo o mundo. Embora nunca tenha estado em São Paulo, penso que Lisboa estará um pouco, mas não muito, mais à frente na sua relação com os ciclistas. Ajudará o facto de ser uma cidade muito mais pequena, servida de uma rede ferroviária que permite o transporte de bicicletas, e de Portugal atravessar uma crise que leva algumas pessoas a pensarem em poupança.

    Uns defendem que as ciclovias são essenciais para dar mais segurança aos ciclistas, outros defendem que o mais importante é criar um código da estrada que, verdadeiramente, defenda o ciclista.

    Na minha opinião, as duas políticas devem ser combinadas, pois cada uma tem as suas vantagens. As ciclovias ajudam a atrair novos ciclistas e, quantos mais formos, mais seguros estamos. Por outro lado, frequentemente, a ciclovia cria uma falsa sensação de segurança e a segregação dos vários tipos de tráfego faz com que nenhum tenha em consideração o outro. Além disso, são muito caras e a palavra de ordem por aqui é poupança.

    O que me parece essencial, e as ciclovias nunca irão tão longe, é haver uma código da estrada que proteja o ciclista, passando a responsabilidade pela segurança de quem anda na estrada para o automobilista. Estes é que conduzem engenhos de mais de uma tonelada, capazes de provocar a morte a quem os rodeia.

    Finalmente, aquilo a que um dos comentários se refere como manifestação pacífica, ou algo semelhante, ocorre em várias cidades de Portugal e do mundo e chama-se massa crítica (ou bicicletada). Não é mais do que um encontro de bicicletas (e outros veículos suaves), todas as últimas 6ª-feira de cada mês, muito espontâneo e que é uma celebração da bicicleta como meio de transporte. Talvez também aconteça por aí, ou possa vir a acontecer!

  13. Luiz disse:

    Parabéns pelo texto! Em São Paulo faltam calçadas decentes, pontos de ônibus confortáveis e estrutura para bicicletas, e sobram pontes, viadutos e avenidas de múltiplas faixas. Quem planta avenidas colhe congestionamentos!

  14. Marcelo disse:

    Uaau Denis!!

    Vc voltou mais combativo do que nunca deste TEDxAmazonia Hein?!(estou louco p assistir todas as palestras!!!
    Força kra! tamos aqui!!! =}

  15. Danielbiologo disse:

    Compartilhei teu post. Aqui em Floripa as “coisas” não são diferentes. Mas pouco a pouco com informações, como neste teu texto, conseguiremos(?) “reeducar” a nossa Sociedade para vivermos em cidades mais humanas, no sentido mais amplo da palavra e com o Respeito a Qualidade de Vida das pessoas.
    Cicloabraços e vamos pedalando…..

  16. Daniel Blois disse:

    Boa Dênis! Acredito que o problema é cultural. Não temos a cultura para locomoção sobre duas rodas, tão comum em países europeus! Não temos o costume, não há integração com outros meios de transporte, nossos locais de trabalho não estão adequados! Essa omissão também atinge quem usa a bike como forma de diversão, como esporte (em qualquer nível de performance). Eu sou triatleta. Não temos lugar pra treinar. Nas ruas você conhece a realidade. Nas estradas não há muita diferença, melhor há sim, a velocidade dos carros que buzinam e tiram “fina” é muito maior. A ciclovia da marginal por enquanto é uma área de lazer. Seria irresponsável grupos de ciclistas pedalando a mais de 40 km/h. A Cidade Universitária, administrada pela USP, uma autarquia estadual, vive prometendo nos tirar de lá (em parte por culpa nossa mesmo). Além do que, é esburacada, mal sinalizada e lugar ideal pra assaltos. Enfim, como disse sua mãe: CUIDADO nas ruas! Quem está de carro não respeita o ciclista!

  17. João Fernando disse:

    Pessoal, acredito que o Denis quis dizer, é que as mudanças ocorrem de cima para baixo, e não que devamos quebrar os espelhos retrovisores dos carros. Como o texto menciona, o prefeito nunca pensou em andar de bicicleta, mas certamente ele pensa em como manter a popularidade e conseguir votos. Consequentemente, qualquer coisa que ameace a sua popularidade será incluída na sua pauta de trabalho. Exemplificando: se 20 ciclistas começarem a andar juntos, com toda a calma do mundo, na avenida mais movimentada da cidade em horários de pico, logo eles irão aparecer no noticiário. Muita gente vai ficar brava por causa disto, e darão entrevistas praguejando contra os ciclistas, mas também os ciclistas darão suas entrevistas. Falando as palavras certas na entrevista, pode-se conseguir mudar o jogo contra o prefeito, afirmando que tudo se resolveria com ciclovias ou ciclofaixas.
    Não acredito que esta seja uma ideia distante.

  18. Daniela Pastana Cuevas disse:

    Faz um ano que reparei que o numero de bicicletas circulando no meu bairro aumentou, e a maioria delas acreditem é de mulheres, deve ser porque minha familia circula muito por aqui.
    Nos finais de semana aumenta a circulação principalmente para quem vai passear no Horto Florestal. Muitos motoristas estão aprendendo a dividir a rua com as bikes e agora só falta melhorar o asfalto para não morrermos nos buracos dela. Quanto ao execsso de carro, ainda existe e agora ainda querem botar o Rodoanel Norte aqui pra desafogar o centro.
    Pra quem sabe que o rodoviarismo não é a solução no transprte da cidade, assinem este abaixo assinado e nos ajude a manter este ar bucólico da Zona Norte de São Paulo.

    http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N3645

    Obrigada.

  19. jorji disse:

    Andar de bicicleta aqui em Maringá é um perigo, uma verdadeira aventura, imagina São Paulo.

  20. Martin Montingelli disse:

    Denis, parabéns pelo texto, infelizmente vivemos esse drama em Sp e em outras tantas cidades brasileiras, estive na inauguração da cilovia e tive o prazer (ou desprazer) de cobrar os outros 100 km que o nosso prefeito prometeu até o término de seu mandado, e a resposta foi um sorriso amarelo mentiroso. Viva a Bicicletada! Viva os sobreviventes do transito caótico paulista, que mesmo tendo automóveis para viajar fazem questão de não poluir a cidade, não piorar o trânsito e ainda por cima fazer seu exercício ao invés de se acomodar numa tonelada sobre rodas curtindo seu ar condicionado se achando donos do mundo. Textos como o seu me fazem pensar que não estamos sozinhos nessa luta. Menos carros! Mais bicicletas! Parabéns

  21. Claudia Chow disse:

    Concordo plenamente com tudo que vc escreveu em defesa das ciclovias, mas acho q antes delas e da rua p/ os carros deveriamos pensar no pedestres. Existem lugares em SP que é simplesmente impossivel de se chegar a pé! Não tem calçada! Antes de termos rodas temos pés e parece que todo mundo esqueceu disso.

  22. Tito Duarte disse:

    É isso ai Denis. Será que temos que ter mais um partido ( PC Partido dos Ciclistas, ou coisa parecida ) para termos um político que nos defenda e aqui em Blumenau não é diferente.

  23. Marcio Tamashiro disse:

    Muitos podem até achar estranho, mas em São Paulo, o ciclista é respeitado no trânsito, só uma pequena minoria que não respeita.
    Para quem é ciclista, é mais fácil ser respeitado no trânsito quando se pedala em grupo.
    Se um grupo de ciclistas pedalando numa avenida movimentada pode causar uma lentidão e vários motoristas irão reclamar e buzinar, enquanto em vários carros há motoristas solitários que estão ajudando a aumentar o trânsito, e disso ninguém reclama. E os motoristas que não respeitam a faixa exclusiva de ônibus, pois o transporte coletivo tem prioridade sobre o transporte individual.
    Infelizmente os nossos governantes pensam somente no transporte individual, quando eles vão acordar e ver que a mobilidade não é somente baseada em transporte individual (carro).

  24. sérgio torres disse:

    Olá Denis,

    muito legal o texto!
    apenas gostaria de acrescentar Buenos Aires a tua lista.
    Vale a pena conhecer o programa deles, é perfeito (e para valer)!
    um grande abraço.

  25. alexandre disse:

    Aqui em Floripa quase nao tem ciclovia , na SC-401 tem partes q nem acostamento tem.

  26. guilhermino disse:

    Denis, considero um absurdo, afinal a prefeitura deve fazaer obras para todos, há várias pontes no rio Pinheiros que não permitem pedestres. Isso é inconstitucional pois restringe a livre circulação. Trabalho diante da ponte transamérica e se quiser atravessar o rio tenho de pegar um onibus ou ir até a estação de metro que fica suspensa sobre o rio. Não foi o Kassab, essa ponte foi projetada antes dele, mas isso não o isenta de culpa. Creio que é devemos questionar o MP qto a pontes proibidas para pedestres

  27. generosa disse:

    Nossos administradores pensam na bicicleta como um circulo.Nos 50 parques em Curitiba a pessoa anda de bicicleta em circulo,não chega a nenhum lugar mesmo que pedale dia e noite.Mas para chegar nestes pontos é preciso levar nas costas a tal de bicicleta.Mas isso só acontece quando a bicicleta é nova e o dono resolve fazer uma experiencia,que será a unica.Terá chance de usar a bicicleta quando houver um passeio ciclistico,que acontece uma vez por ano.

  28. denis rb disse:

    O que eu quis dizer é que, atualmente, vigora no trânsito de SP a lei do mais forte. Se seu carro é maior, você tem a preferência (ao contrário do que diz a lei). Só que essa lei é uma droga, inclusive para os motoristas, que por conta disso têm que dirigir nesta terra de ninguém. Como vigora a lei do mais forte, a única chance do ciclista de brigar é chutando o pedaço mais fraco do carro: o espelhinho.
    Não estou ameaçando os carros de arrancar o espelhinho deles. No geral, evito fazer isso.

  29. jorji disse:

    A questão fundamental é a mentalidade, seja de políticos, de urbanistas, motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres, arquitetos, engenheiros, médicos, advogados, operários, etc, me perdoem, mas o nosso ditado é o tal “que se dane os outros”, aí o motorista não respeita ninguém, o motociclistas também, o ciclista também, o pedestre também………….

  30. Bruno H disse:

    eu sei uma forma de fazer os nossos amigos governates tomarem jeito.
    que tal se os eleitos do legislativo e executivo só pudessem utilizar serviços públicos (e seus parentes diretos também, como esposas, maridos e filhos) durante o mandato?

    Só escolas públicas. Só SUS. Só ônibus.

    O que será que aconteceria…?

  31. Emmanuel M. Favre Nicolin disse:

    Para melhorar o trânsito as ciclovias são uma possibilidade. Para isso acontecer, os motorista tem que entender que têm muito para ganhar. Eles nao vão unicamente perder vaga de estacionamento. O trânsito será mais fluido.

    Emmanuel,
    Blog Vitória sustentável,
    http://manouchk.blogspot.com/

  32. Felipe disse:

    jbarros, Como vc é ignorante. O problema é a ditadura do automóvel. Carros são feitos para andar nas ruas, assim como as bikes, motos e afins e não ao contrário. As ruas não são feitas só pras os carros.Motoboys e ciclistas tem razão em esbravejar contra quem tem uma arma na mão e acha que pode sair ai desfilando sem se preocupar com terceiros.

  33. Lucas Migotto disse:

    Denis, a maioria dos políticos ainda vê a ciclovia como uma obra de lazer. Não me surpreenderia se projetos de ciclovia estiverem dentro de pastas chamadas cultura/esporte/lazer.
    Temos que mudar essa mentalidade. Seria uma boa idéia se acontecesse uma onda verde na eleição para a prefeitura de São Paulo em 2012. Se o PV tiver muitos votos, acho que os políticos ficariam obrigados a rever seus conceitos.

  34. Rodrigo disse:

    ciclovias são para os motoristas sim, mas por motivos diferentes dos expostos no texto. Ciclovias servem para tirar os ciclistas do caminho do tráfego motorizado, aumentar a tão propalada fluidez e manter o status quo do domínio dos carros sobre o espaço público da cidade. Tiram completamente o poder transformador que a bicicleta pode ter na melhoria da qualidade do ambiente urbano. Ruas com ciclovias continuam tão (ou ainda mais) perigosas para pedestres que ruas sem essa segregação. Lugar de bike (de carros, motos, onibus e demais) é na rua, com correta aplicação das leis de trânsito já existem – porém nunca cobradas e fiscalizadas pelos orgãos (in)competentes. Sugiro uma leitura cuidadosa (em español) do site http://ciudadciclista.org. sds

  35. denis rb disse:

    Rodrigo,
    Essa é uma discussão interessante. Realmente, eu poderia ter sido mais preciso no texto. Em vez de falar de “ciclovias”, eu deveria escrever “rede cicloviária”, que é composta de muitas ciclofaixas demarcadas no chão, muitas vias compartilhadas de pouco trânsito e algumas poucas ciclovias segregadas, apenas quando o risco é muito grande (em avenidas, por exemplo). Já escrevi sobre isso aqui no blog: http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/cidade/as-cidades-e-as-bicicletas/

  36. Como algumas pessoas já falaram, no Brasil, ciclovia é vista como lazer e não como transporte. Já perdi a conta de quantas vezes quis me locomover de bike e fiquei com medo. Uma vez, quando morava em Porto Alegre, o ônibus que eu estava atropelou um ciclista. Ele perdeu as pernas. Perdeu a vida. Foi um choque. Não consigo esquecer essa imagem sempre que penso no assunto. É um absurdo que seja assim. Precisamos mudar essa cultura, senão, muitas pessoas que gostariam de usar a bike como transporte – como eu – simplesmente não terão coragem para isso. E o número de carro seguirá aumentando. Uma pena. =/

  37. Celso R. Schroder disse:

    Eu felicito o Denis pelo artigo. Em Porto Alegre acontece o mesmo descaso
    para com os ciclistas. Em pleno seculo XXI as cidades brasileiras ainda
    discutem, quando discutem a questao das ciclovias. Sera que nao esta na
    hora dos ciclistas comecarem a exigir com maior enfase esta questao crucial nos dias de hoje? Buscar as solucoes é fundamental.

  38. Graziele Mello Monteiro disse:

    “Estou lendo e analisando teu texto para um trabalho da facul e confesso Denis que ler e receber as informações passadas por ti é muito interessante e de grande valia, mas uma analise mais aprofundada está me deixando preocupada (quase doida), brincadeira só queria colocar que teu trabalho é muito rico e provoca a reflexão e a indignação neste caso pelo descaso com os ciclistas e a falta de ação dos governantes e da própria população, atos como o teu fazem com que a população reflita, mas não podemos ficar só na reflexão devemos agir também. Moro em uma cidade pequena que não enfrenta esse problema essa realidade esta longe de meu município , mas acompanhasse a realidade diária das demais cidades. Abraço. Grazi.”

  39. Graziele Mello Monteiro
    – 12/12/2010 às 15:49

    “Estou lendo e analisando teu texto para um trabalho da facul e confesso Denis que ler e receber as informações passadas por ti é muito interessante e de grande valia, mas uma analise mais aprofundada está me deixando preocupada (quase doida), brincadeira só queria colocar que teu trabalho é muito rico e provoca a reflexão e a indignação neste caso pelo descaso com os ciclistas e a falta de ação dos governantes e da própria população, atos como o teu fazem com que a população reflita, mas não podemos ficar só na reflexão devemos agir também. Moro em uma cidade pequena que não enfrenta esse problema essa realidade esta longe de meu município , mas acompanhasse a realidade diária das demais cidades. Abraço. Grazi.”

  40. JOSÉ ROBERTO GARCIA disse:

    Caro Denis: muito contundente e realista sua análise sobre o problema de mobilidade urbana e a “omissão” da PMSP quanto às ações tomadas pelo poder público para sanar este problema. Entretanto, meu caro Denis, há décadas está claro que o poder público não tem CAPACIDADE para resolver esta questão. “As pessoas que têm deficiência visual compensam este problema através de outras habilidades e capacidades. Da mesma forma, o Estado deve se preocupar naquilo que ele é mais forte, ou seja, articular investimentos para infraestrutura e atração de empresas para São Paulo. Quanto ao problema de mobilidade urbana, assim como os demais problemas sociais e ambientais, DEVEM ser resolvidos pela sociedade civil, através de ONG’s e demais Entidades Organizadas, com a mobilização DE TODA A SOCIEDADE.
    Não devemos esperar do ESTADO que resolva questões que não tem competência. Da mesma forma que não devemos esperar que uma criança de 3 meses fale e ande naturalmente, ou mesmo, para radicalizar a comparação e exemplificação, esperar que uma pessoa com deficiência visual “veja o nascer do sol”.

  41. Felipe disse:

    José, infraestrutura tem a ver com trânsito, ruas, tem tudo a ver, é na real obrigação do Estado.

  42. MAriana disse:

    Desde de 1999 tento dar minhas pedaladas por São Paulo. Quase sempre por motivo de trabalho. Moro em Santa Cecília e quase todos os meu trabalhos são no centro, ou seja, de bicicleta chego entre 10 e 15 minutos, o que levo 30 de metrô. Além de todos os problemas já citados aqui, venho enfrentando cada vez mais um outro que acho absolutamente estúpido: não consigo parar a bicicleta em nenhum estacionamento!!! Na rua é impossível, mesmo na frente de prédio movimentados (resgatei uma roda minha de um cara correndo, um dia que parei no estacionamento de bike de um SESC!!!). No estacionamentos do centro é inegociável! Nunca pode, e quando pode, alguns chegam a cobrar o mesmo preço de carro! Acaba acontecendo que meu trajeto de 15 minutos, vira 40, até eu encontrar um lugar que possa estacionar! Me sinto uma palhaça! Acho justo pagar para usar o serviçø, mas o preçø deveria ser no mínimo diferenciado!

  43. Marcelo F Andrade disse:

    Denis, particularmente eu acho que essa análise vai além. O país vive em prol dos carros. Índices de venda de automóveis são comemorados positivamente com bons indicadores da economia. Carro é “status”, enquanto que “Bicicleta!? Puff!”. Gostaria, sinceramente, de ver mais incentivos para usar minha bicicleta e não sofrer de uma certa pressão social para comprar um carro.

    Além disso, há que se preocupar ainda com outros fatores para possibilitar o uso das “magrelas”. Moro em Belém e apesar de, de fato, haver até bastante ciclovias e ciclofaixas nos principais corredores da cidade, o uso efetivo da bicicleta ainda está aquém do que é possível. Andar de bicicleta por aqui ainda significa temer ser assaltado ou atropelado.

  44. Sofia disse:

    Infelizmente, Denis, a realidade de SP é um reflexo do pensamento no restante do país. Onde moro também há pouquíssimas ciclovias e ciclofaixas, e as que existem são usadas como estacionamento ou como calçada, além de que muitos ciclistas que poderiam/deveriam usá-las preferem se arriscar do outro lado da rua.
    Em contrapartida todo (literalmente todo) final de semana tem feirão de automóveis…
    Se pelo menos os motoristas fossem educados, né? Mas falar de educação no Brasil é inútil, o exemplo vem de cima.

  45. Emmanuel M. Favre Nicolin disse:

    Pensei em uma opção, me mudar para Sorocaba! A cidade brasileira onde a bicicleta é amada!

    Emmanuel,
    Blog Vitória sustentável
    http://manouchk.blogspot.com/

  46. Ana Nava disse:

    Além de pensar em mudar para Nova York, Paris, Estocolmo, San Francisco, Bogotá, Copenhague ou Sorocaba, não será justamente este o início de discussões e ações que podem ser maiores, chegando ao resultado destas cidades??? A frase de que as coisas são assim mesmo são tão óbvias. Muita utopia? É que não tô a fim de chutar espelhinhos…

  47. Lucio Agra disse:

    Excelente texto. Vou colocar no meu facebook e acrescentar que o mesmo tipo de atitude de “pega pra capar”, “lei do Gerson” etc afeta também os pedestres que são acuados por motos e carros que ameaçam os passantes e não só não respeitam os semáforos como param em cima da faixa.

Deixar mensagem para JOSÉ ROBERTO GARCIA Cancelar resposta