Vamos olhar os números

Não é hora para emocionalismos, sejamos pragmáticos. Vamos olhar os números.

Uma castanheira-do-pará é uma árvore gigantesca, de 50 metros de altura, que pode viver mais de 1.000 anos. Todo ano, a castanheira dá frutos, que têm uma casca dura como a de um coco. Dentro da casca há até 24 castanhas-do-pará, um produto apreciadíssimo no mundo inteiro, rico em selênio e em ômega-3, portanto extremamente eficaz para combater ao mesmo tempo os dois grandes vilões da saúde contemporânea: câncer e doença cardíaca. Na média, uma castanheira não muito grande dá cerca de 30 frutos por ano, o que equivale a quase 500 castanhas. É o suficiente para produzir 1,5 litro de óleo de castanhas, o que rende uns 200 ou 300 reais para um pequeno produtor, por árvore (castanheiras realmente grandes e saudáveis chegam a produzir até 20 litros). Supondo que alguém tenha 30 castanheiras nas sua terras, são pelo menos uns R$ 6 mil por ano em óleo, talvez R$ 10 mil, por toda a eternidade até o tataraneto do tataraneto do tataraneto.

Mas os tempos são de prosperidade no Brasil e os chineses precisam de ferro para construir réplicas da Torre Eiffel. Há inúmeras mineradoras arrancando ferro de dentro da terra, de maneira agressiva. Em boa parte do país, esse ferro, assim que sai do chão, é queimado em fornos a carvão. Na Amazônia, portanto, há uma grande demanda por carvão.

O que acontece então é que os madeireiros procuram os pequenos proprietários da Amazônia e oferecem algo como R$ 150 por cada castanheira. Se o sujeito tiver 30 castanheiras, recebe cerca de R$ 5 mil. O madeireiro vai lá, derruba a castanheira, picota-a, queima, faz carvão, constrói fornos lá mesmo e produz ferro. O dono dos fornos ganha uns R$ 2  mil por forno por mês. Com algumas dezenas de fornos, ele é um homem rico.

Zé Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, os empresários e ambientalistas mortos na semana passada perto de Marabá, no Pará, sabem fazer conta, e por isso se recusavam a vender suas castanheiras (não só por isso, eles também amavam aquelas árvores, mas não é hora para emocionalismos). Eles mantiveram as árvores de pé e montaram uma pequena operação industrial para extrair o óleo na sua terra. O governo nunca lhes deu apoio nenhum. O Incra é imensamente burocrático e ineficaz. As estradas são terríveis. É por causa dessas dificuldades todas que muitos dos vizinhos venderam suas castanheiras para virar carvão.

Zé Claudio e sua maior castanheira, a Majestade. FOTO: FELIPE MILANEZ

Matar castanheiras é ilegal há séculos no Brasil, por causa do alto valor da castanha, mas isso não impediu que a espécie esteja hoje em extinção. Mesmo em Marabá, onde essas árvores magníficas surgiram, elas estão acabando. Zé Claudio e Maria denunciavam essas transações ilegais e a corrupção do estado. As denúncias os colocavam em conflito com os madeireiros, os donos de forno, os políticos, os funcionários corruptos e os traficantes de drogas (que, nesse mundo proibicionista, sempre estão metidos em tudo de ruim que acontece). Zé Claudio e Maria recebiam ameaças de morte há anos. Polícia, justiça, governo, ninguém fez nada para protegê-los.

Semana passada, eles foram assassinados.

Ainda sob o impacto das mortes, um deputado homenageou os empresários no Congresso Nacional. A turminha que estava lá para aprovar o novo Código Florestal vaiou, celebrando o assassinato.

A grande maioria dos agricultures e pecuaristas do Brasil é gente boa, que ama a terra onde vive, que não assassina ninguém e que entende que é melhor ter uma árvore viva que produz R$ 200 por ano e que dura 1.000 anos do que matar a árvore e vender a lenha por R$ 150. Mas os políticos que se dizem representantes dos agricultores e pecuaristas do Brasil – a auto-batizada “bancada ruralista” – tem uma alta proporção de picaretas. É gente oportunista, que se diz “desenvolvimentista” mas só está interessada em tirar o máximo possível antes que os nossos filhos tenham a chance de usufruir. Eles tentam fazer parecer que eles são os “pragmáticos”, atentos aos “números” e ao desenvolvimento do Brasil, enquanto os ambientalistas são “românticos” e avessos ao progresso. Mentira. Eles são usurpadores.

A lógica que matou Zé Claudio e Maria e que mata todos os dias árvores que já eram nascidas quando Cabral chegou ao Brasil é a mesma lógica que foi empregada no novo Código Florestal.

Com os assassinatos, a aprovação do acientífico Código Florestal, o pico de desmatamento na Amazônia em resposta à leniência do Congresso, a absoluta falta de preparação para os desastres climáticos que vêm aí, o governo Dilma já se configura como a pior tragédia ambiental no Brasil desde a ditadura militar.

Os números que forneço aqui, certamente imprecisos, foram calculados a partir de uma conversa com o repórter Felipe Milanez, especialista em Amazônia, que está no local apurando a história. Contribuições para melhorar a qualidade dos números são bem vindas.

45 comentários
  1. Leonardo Xavier disse:

    Realmente por esses cálculos , eu não vejo o menor sentido para derrubar as castanheiras.

  2. chico rasia disse:

    Pô Denis, forçou a barra com essa última frase, hein? Ou a Dilma já era presidenta em 1999 quando começou o projeto de revisão do Código Florestal?

  3. Marianne disse:

    Também achei que forçou a barra na última frase, como se o governo Dilma fosse o culpado de tudo. Que eu saiba a Dilma é contra a aprovação das mudanças no código e está ameaçando vetar.
    o que faltou foi mobilização da sociedade durante a votação destas mudanças. Pessoas que pensam como eu e você fizeram pouco barulho, enquanto os ruralistas fizeram muito.

  4. denis rb disse:

    chico, Marianne,
    Não estou criticando a Dilma pessoalmente, estou dizendo que sua gestão está se configurando como a maior tragédia ambiental do Brasil desde a ditadura militar. Se a responsabilidade é dela, da oposição, do Lula, de quem quer que seja, não sei, não me interessa muito. Mas, como cidadão, estou bastante insatisfeito com o jeito como as coisas estão. Se ela vetar a alteração do Código e o governo parar de se aliar a picaretas, se a base aliada repensar Belo Monte, se a justiça apurar com eficácia os crimes, se o estado encontrar formas claras de evitar que isso continue acontecendo, se o desmatamento for revertido, mudo de ideia sem problema algum. O problema é que, pelo começo de governo, parece difícil de acreditar que qualquer uma dessas coisas vá acontecer.

  5. Lucas Migotto disse:

    Os políticos aprovaram a mudança no Código Florestal porque já têm a certeza de que a maioria de seus eleitores não está dando a mínima para o que eles fazem.
    Portanto acho que o problema aí é de Educação. Seja Serra, Lula, ou Dilma; a aprovação, o desmatamento e as mortes aconteceriam do mesmo jeito.
    Lembrem-se que Tiririca, Chalita, Bruna Furlan, Paulinho da Força e João Paulo Cunha votaram a favor da mudança no código. Nada menos que os 5 deputados mais bem votados de SP. Portanto nós paulistas votamos em peso para a mudança do código também.

  6. denis rb disse:

    A representação política brasileira está mesmo falida, Lucas.
    E o fato é que temos um governo de continuidade a um dos governos mais populares da história, eleito com imensa maioria, com uma enorme base de sustentação no Congresso. E, desde que o ano começou, só recebemos más notícias do ponto de vista ambiental. Se a Dilma concorda pessoalmente com o novo código ou não, não me interessa muito. É a opinião de uma pessoa, não muda nada. O que interessa é que objetivamente as coisas estão piorando a olhos vistos. E o governo deve ser responsabilizado quando as coisas pioram.

  7. Edmilson disse:

    Gente, vão ler o código http://www.observatorioeco.com.br/wp-content/uploads/up/2010/06/relatario-sobre-a-reforma-do-codigo-florestal.pdf
    Dizer que o novo código é culpado pelas mortes dessas pessoas é um absurdo! O código só tenta alinhar e legalizar a situação dos agricultores brasileiros. A emenda que tanto falaram sobre a área de APPs era para proprietários de até 4 módulos rurais, ou seja os pequenos, e a “anistia” que dizem que está escrito lá não existe. Existe uma política de compensação que troca as multas por reflorestamento.

    Temos mais de 60% da mata nativa ainda virgem e é essa que devemos preservar, pois se diminuirmos a área plantada a oferta de alimentos fica mais cara e quem se ferra é o pobre (logo eu tô no meio! R$732,00 como professor Estadual!).

    Eu gostei do texto do deputado Aldo. Ali trata o homem como parte integrante da Natureza. Aprovar o código na minha opinião seria um passo a frente.

    Concordo que o governo Dilma está péssimo em relação ao meio ambiente. O veto dela anunciado e dizer que a aprovação desse código é uma vergonha simboliza isso. Também duvido que a fiscalização vá funcionar. Essa negligência acaba com qualquer código o novo ou o velho.
    Também acho Belo Monte um belo monte de dinheiro desperdiçado. Destruir a floresta para implantar mais uma hidrelétrica?! Não seria melhor gastar o dinheiro em pesquisa com energia solar?

  8. Edmilson disse:

    O texto do código está lá no final do documento no link que postei.

    Não Li tudo, mas dizer que o texto é acientífico com vários doutores e acadêmicos discutindo o código é forçar a barra Denis. O link taí pra provar. Veja com seus próprios olhos. Ah! esse não é o texto mais atual, mas já serve como base.

  9. denis rb disse:

    Seria um absurdo mesmo dizer que o novo código causou os assassinatos. Eu não disse isso. Alguém disse?

  10. denis rb disse:

    A comunidade científica está muito insatisfeita, Edmilson, pela falta de atenção à hidrologia, por ignorar as mudanças climáticas.

  11. veiaco disse:

    Com novo Código ou sem a lei já existe e não foi cumprida. O que matou Zé Claudio e esposa foram a corrupção estatal e a impunidade.

  12. Edmilson disse:

    Desculpa Denis. Vc não disse mesmo que as mortes foram causadas pelo novo código.

    Eu queria um link com os argumentos deles.

  13. Fábio Ueno disse:

    Polícia, justiça, governo, ninguém fez nada para protegê-los.

    Faltou aí o NÓS!!!

    Que fazemos turismo na Amazônia, que ouvimos ele avisar que ia morrer e nada fizemos. Que compactuamos e mantemos o sistema financeiro, que no final das contas se benefícia do ferro citado na reportagem.

    No Ted eu perguntei a ele: E a Natura?

    R: “Só sei que eles oferecem 0,38 (valor hipotético ilustrativo) centavos num quilo de castanhas… e com um quilo eu faço X de óleo, que vale 800% a mais do q eles ofereceram.”

    Quem matou o Zé, Denis, foi você. Fui eu. Fomos nós. E de nada adianta criticar sem entender que tudo isso eh muito + complexo ainda…

    http://vimeo.com/22661087

    Que descanse em paz o verdadeiro guerreiro! Enquanto nós, mitigadores/controladores pensamos e escrevemos.

  14. Mariana disse:

    fiquei indignada, com os olhos cheios d´água de raiva e tristeza, quando soube da aprovação do Código Florestal.

  15. Anouk disse:

    Oi Denis,
    É claro, que somos todos a favor de que as castanheiras permanecam frutificando por muitas geracoes. Por uma questao de consciência, contudo, lamento que você tenha mais uma vez omitido o envolvimento do agricultor, Zé Claudio, no assassinato de um companheiro por divergências. As honrosas castanheiras merecem , sim, todo o nosso apreco, mas nao se deve fazer jornalismo omitindo os fatos, ainda que contraditórios por uma boa causa. Abs.

  16. Juliano disse:

    Muito bom texto!!!

    só lembrando que ESSE DOMINGO, as 14:00 no MASP, haverá o encontro de diversas manifestações que se unificarão para combater essa destruição!

    https://www.facebook.com/event.php?eid=227771337238761
    https://www.facebook.com/event.php?eid=126678177411657
    https://www.facebook.com/event.php?eid=206368546068332

    VAMOS COMPARECER! Ficar indignado faz parte, mas a única coisa que pode mudar a situação é a mobilização e a união!

  17. denis rb disse:

    Anouk,
    Desconheço este assunto. Vou me informar assim que estiver num lugar onde haja uma boa conexão (estou fora do Brasil, viajando constantemente)

  18. Rodrigo Braga disse:

    Dale! Prefiro morrer de pé! Do que viver Ajoelhado!… Luz e amor para estes guerreiros da luz!

  19. Su disse:

    “O governo Dilma já se configura como a pior tragédia ambiental no Brasil desde a ditadura militar”. Se o Reinaldo Azevedo ver essa quem sabe ele para de defender o Código Florestal e chamar quem se manifesta contra de verdopata, castanheiropata, etc, etc.

  20. Marcelo disse:

    A Anopuk deve ter lido esta história no Blog do Reinaldo Azevedo. Ele tava lá defendendo o código florestal que foi aprovado e dizendo que o Zé Claúdio era mais um desses “ambientalistas” (isso mesmo, entre aspas) que ele tanto despreza e que provocou a própria morte.

  21. Marcelo disse:

    “E o governo deve ser responsabilizado quando as coisas pioram.”
    Ih… nessa eu discordo de vc Denis. Assim vc está sendo simplista. Se se tratasse de uma ditadura até vai culpar o governo por tudo mas o código florestal que foi aprovado foi obra do congresso. O governo federal queria outra coisa.

  22. Maurício Bittencourt disse:

    A sociedade brasileira está nem aí para as castanheiras, para a Amazônia ou para os pequenos proprietários. Prova disso é que ninguém será punido por mais estas mortes no Sul do Pará. Você acha que esses frios números de gabinete vão mudar alguma coisa, Denis? Ninguém estará motivado para manter a floresta de pé enquanto vigorar o grande mito liberal da concentração de renda. Está claro que isso se resolve somente com uma ação POLÍTICA que priorize o social, em detrimento da “produção” e da tecnologia.

  23. CarmemK disse:

    Para o pessoal aí abaixo que se apressou em defender o governo Dilma: o Denis está corretíssimo em sua afirmação no último parágrafo. Não tentem creditar mais isto ao governo FHC. O fato de a discussão do novo Código ter começado em 1999 não diminue o fato de ter sido aprovado sob as negociatas da Era Lula. Abram os olhos, defensores da política petista: seus ídolos estão se lixando para o conteúdo do que seja votado no Congresso. O que importa para eles é continuarem agarrados ao poder pelo maior espaço de tempo possível. Se as castanheiras forem extintas, junto com o restante da Amazônia, tanto faz, desde que não prejudique seus “negócios”. Parabéns, Denis, seu texto é ótimo.

  24. Edmilson disse:

    Realmente a leniênia com crimes do governo é enorme. Apesar do teatro que fizeram falando que vão apurar o caso da mortes dos ambientalistas, duvido que o governo se mobilize para acabar com o crime no Brasil.
    O governo já apoiou invasões (MST na Bahia, deu até carne de graça), tenta encobrir um tráfico de influência mais notório dos últimos tempos, protege e reintegra ladrões confessos (Delúbio com seu dinheiro não contabilizado) entre outras aberrações. O ruim é que boa parte deles acredita que isso é realmente CERTO.

    Caso o caso seja resolvido será devido a militância. O restantes dos mais de 150.000 casos de homicídos não resolvidos vão continuar jogados em algum chão de uma delegacia abandonada.

  25. Felipe Milanez disse:

    Obrigado pela menção, Denis. As fotos são de minha autoria, “Felipe Milanez” apesar de estarem circulando sem os créditos pela internet. Obrigado
    Um abraço
    Felipe

  26. jorji disse:

    Sejamos pragmáticos, sejamos realistas, sejamos sinceros, essa história de inocentar agricultores, seja fazendeiros ou pequenos agricultores, de chamar as pessoas de honestos, duvido que exista um humano com essa virtude, lastimavelmente as castanheiras estão com os dias contados, os bichos preguiças estão com os dias contados, as onças estão com os dias contados ( viram a cena de matança desta espécie nos telejornais ), o rio Amazonas também…………os humanos também…………

  27. jorji disse:

    Sejamos pragmáticos, incentivar a atividade agropecuária no Amazonas nos vários governos que tivemos foi sem dúvidas o grande e irreversível erro, uma terra fraca e improdutiva, e uma das consequências foi o surgimento das carvoarias e extração da madeira, condenamos a floresta amazônica à sentença de morte.

  28. denis rb disse:

    Marcelo,
    Se o desmatamento da Amazônia dispara, alguém precisa se sentir responsável. Se não há um plano claro e bem traçado de preparação para os próximos efeitos extremos do clima, alguém ter que ser responsabilizado. É isso que é um governo: alguém que assume responsabilidade pelas coisas, que define políticas públicas e que zela pelo seu cumprimento. E esse é um problema central do Brasil: a falta de responsabilização. Ninguém é responsável por nada.
    Não me interessa aqui criticar o PT ou elogiar o PSDB ou o PV ou sei lá o quê. Não falo em nome de nenhum deles (e, a propósito, acho todos eles ruins feito o diabo). O Congresso é ruim? Sim, é tão ruim quanto é possível ser. Mas é bom lembrar que ele é dominado por uma imensa coalizão governista. Por que é que a Dilma não tinha uma proposta clara de Código Florestal combinada com essa coalizão desde a época da eleição, de maneira a garantir avanços? Simples: por que o único critério para montar essa coalizão foi aumentar o tempo de tv na campanha, ninguém se preocupou na época em discutir propostas para o Brasil. Porque o Código Florestal nunca foi uma prioridade para o governo. Porque as questões ambientais nunca estiveram no topo de sua agenda. E aí aqueles que tinham interesses egoístas no assunto dominaram a agenda. Agora é facil, depois de anos de omissão, se fazer de inocente e dizer que preferia outro código.
    O que está acontecendo agora é consequência direta da lógica cretina da campanha eleitoral, que colocou todo o poder na mão dos marketeiros e não se preocupou em discutir ideias, projetos, em criar consensos.
    (Outro exemplo do mesmo fenômeno: a gestão da ministra Anna Holanda. Quem votou na Dilma sabia que ela iria defender esse tipo de interesse?)

  29. Ligia disse:

    Caro Denis Russo Burgierman,
    Essa sua reportagem mostra o problema da aprovação do código florestal. Fato. MAS CULPAR A DILMA? Por favor. Essa revistinha de direita, tenta atingir nossa presidente de qualquer forma. Você se esquece de dizer que ela NÃO TEM NADA A VER COM ISSO. Que, por ela o projeto seria VETADO, mas um monte de malditos votaram a favor… Democracia né…
    E outra, a Veja já fez o oba-oba com a capa da Dilma, quando venceu a eleição, elevando-a ao posto de heroína, mesmo sendo declaradamente contra a candidatura dela. Agora vai bater por 4 anos, normal…
    Complicado não?

  30. denis rb disse:

    Não estou culpando a Dilma, Ligia.
    Culpa é assunto para padres ou advogados, não me interessa.
    O que estou dizendo é que a gestão dela, do ponto de vista ambiental, tem sido uma tragédia para o país.
    Ela não tem nada a ver com isso? Como assim? Ela é presidenta do Brasil. Se o Brasil amplia o desmatamento da Amazônia e fica vulnerável para as mudanças climáticas globais, todos nós temos algo a ver com isso. E o presidente tem que se sentir responsável.
    Veja bem, Ligia: política não deve ser como jogo de futebol (um torce para o PT, o outro para o PSDB). Política é a arte de encontrar o melhor para o país. E, no ponto de vista ambiental, estou imensamente insatisfeito com os rumos do país.
    Não me interessa descobrir de quem é a culpa. Mas eu espero sim que a presidenta assuma a responsabilidade em suas mãos e que busque soluções.

  31. Anouk disse:

    Denis,
    O ideal seria declarar a Floresta Amazônica como patrimônio da humanidade. Pronto! Assim, os políticos corruptos, madereiros ilegais, agricultores irresponsáveis nao teriam como invadir a floresta. Esta teria estacoes em pontos estratégicos e controle internacional. Quem topa?!

  32. denis rb disse:

    Seria ótimo se fosse simples assim, Anouk.
    Mas declarar coisas não significa nada. O único jeito de resolver problemas é juntar todo mundo envolvido, sentar, conversar e buscar interesses comuns. Nada que for “declarado” aqui nos EUA (onde estou), ou em São Paulo, ou em Brasília vai salvar a Amazônia. A solução para a Amazônia está na Amazônia. Não tenho dúvidas de que empreendedores inovadores, como o Zé Claudio e a Maria, que passaram a vida buscando formas racionais de explorar a floresta, são parte da resposta. O governo podia só atrapalhar menos.

  33. Anouk disse:

    Denis,
    As formas racionais de explorar a floresta, seriam obviamente mantidas, com regras rígidas de controle. Um consenso em nível intrernacional seria um comeco verdadeiramnete inovador.

  34. Luna disse:

    Denis…voce pode ate’ quer e responsabilizar alguem, uma entidade ou o governo. Porem, usando uma analogia do filme “Blind Spot” nos todos estamos em um trem em alta velocidade e ninguem esta’ no controle. Estamos todos aturdidos com o que a mente comum ja pode observar e continuamos consumindo, comprando, vendendo, cavocando, desmatando, construindo, proliferando, imprimindo, voando, iluminando, educando, etc…etc… tudo pela velha (nao tao velha assim) cartilha do falso desenvolvimento industrial falido como se nada estivesse acontecendo.

  35. Luna disse:

    OOPS…escrevo: responsabilisssssar

  36. jorji disse:

    Qual a nação nesse mundo, que tem a política ambiental mais próxima do ideal? Qual nação serviria de exemplo?

  37. denis rb disse:

    Cada país tem suas necessidades e sua realidade, jorji.
    Mas acho que ninguém discorda de que os países nórdicos lidam muito bem com regulamentação ambiental e, ao mesmo tempo, conseguem ter uma economia fortemente baseada na exploração da floresta. Claro que não dá simplesmente para copiar o sistema deles, até porque nossas florestas – equatorial e tropical – são imensamente mais complexas que as deles – na qual uma única espécie de árvore domina quase tudo. Mas certamente há muito o que aprender da Suécia e da Dinamarca.

  38. jorji disse:

    Não sou biólogo, mas pelo que li até hoje é de que florestas tropicais estão assentadas em solos arenosos e com pouquissimos nutrientes, o desmatamento significa desertificação.

  39. Joaquim disse:

    Denis, acho que a questão do desmatamento perpassa por uma discussão maior sobre consumo, padrão de vida e especulção financeira. Agricultura e pecuária viraram indústrias cada vez mais competitivas e eficientes, que solapam tudo o que veem pela frente (floresta e pequenos agricultores)para sobreviverem nesse mundo de extrema competitividade. São propriedades cada vez maiores, com margem de lucro cada vez menores. Não há mais espaço para pequenos produtores. Isso se deve não somente a um padrão de consumo mundial imposto como ideal, mas também em razão da especulação finaceira dessas comodities. Outro dia vi uma declaração de um produtor de cacau tentando entender por qual razão os preços do produto aumentaram tanto se a industria não produz mais do que produzia a uns anos atras. A especulação financeira das comodities distorce o mercado e gera demandas inexistentes que agravam ainda mais a situação da agricultura em todo o mundo. Penso que as políticas públicas para tratar do assunto do desmatamento têm, necessariamente, que passar por uma discussão sobre a agricultura, consumo e suas formas de especulação financeira. Acredito que, apesar de todas as dificuldades, o Brasil está caminhando para a preservação do que ainda nos resta, apesar da grande pressão ruralista. Essa mesma situação e discussão, contudo, não é vista na Africa, última fronteira agrícola a ser desbravada (destruída), e que já está na mão dos chineses. O ideal do padrão de consumo que é vendido para o mundo é insustentável e deve ser questionado, da mesma forma que devem ser desincentivados os ganhos com a especulação financeira, que, como vimos em 2008, causou grandes estragos para a população como um todo, não ficando restrita aos especuladores como era de se esperar. Parabéns pelos artigos.

  40. mendes disse:

    Então está fácil, é só convencer o povo a comprar óleo de castanha do pará por 140,00 ao invés de pagar 1,80 no litro de óleo de soja. Todos mudando o hábito comprando o óleo de 140,00 os sojicultores virariam castanheiros. Faltou a informaçao de quantos litros sairá de um hectare, e então quantos hectares de castanha para fritar nossas batatas?? mais a dos chineses e japoneses e europeus,ou nao faremos mais trocas??, Será que a castanha é uma oleaginosa mais eficiente que a soja? Será que se fossemos usar a castanha como principal oleaginosa sobrará área para a biodiversidade?? a floresta não viraria uma monocultura de castanha??? ai meu Deus agora me bateu uma dúvida…

  41. Marcio Flavio Menezes disse:

    uma vez, há mais de vinte anos atrás, eu vi na tv bobo uma reportagem com um brasileiro que se dizia proprietário de uma castanheira-do-pará focalizada pela câmera. Em frente à sua camionete importada novinha ele disse: ela tem mais de quatrocentos anos… E apontando para um filho menino dispara, com olhar sombrio e arrogante: Tá vendo esse menino aqui, se ele precisar, eu corto essa castanheira e vendo. Essa atitude, comum a todos nós brasileiros que diretamente ou conivente no consumo na cultura e na política colonial de tantos séculos, pois faz parte do nosso cotidiano na terra brasilis o culto à família tradicional burguesa e à propriedade privada, incorporados pela selvageria no paradoxo ser consumido e produzido ao mesmo tempo, de dentro de um sistema totalitário, o capitalismo financeiro. Então me pergunto novamente: quem tem a posse da terra pode fazer o que bem entender com ela? quem tem a posse do dinheiro pode fazer o que quiser com ele? quem tem a posse do conhecimento pode fazer o que quiser com ele?

  42. Lobo disse:

    Talvez se apoiarmos campanhas de controle de natalidade o mundo seria mais sustentável.
    A origem do nosso problema é o excesso de gente.
    Em 30 anos passamos de 4 para 7 bilhões de bocas para alimentar, de pés querendo acelerar um carrão que gasta metal, petróleo, látex…
    Alguém ja pensou nisso?
    Vamos parar de colocar mais gente no mundo.

  43. mendes disse:

    O Lobo disse tudo.

  44. Daniel disse:

    Superpolulação? Escassez de recursos? Assassinato de ambientalistas? Impunidade? Corrupção generalizada? Miopia nas decisões governamentais? Insustentabilidade do sistema? Alienação da sociedade?
    Não tem problema! “Há razões para acreditar”. Abra logo sua latinha de refrigerante e fique quieto, afinal de conbtas, “os bons são maioria!”
    Sem entrar no mérito da INVERSÃO DE VALORES ou do MARKETING ANTIÉTICO, ou mesmo da MANIPULAÇÃO MASSIVA… coloco aqui apenas uma provocação: QUEM COMPACTUA COM QUEM?

  45. Tiago Mesquita disse:

    Denis Russo Burgierman, ter ampla base de sustentação não significa receber sim senhor de quem te apóia. Aliás, significa definir os termos de uma negociação. No caso do código florestal, a base foi contra o governo. Fora o PV (que fora isso, é uma legenda de aluguel) e o PSOL, o código teve voto de todas as outras legendas. No PSDB, só o Tripoli foi contra (aliás, até o FHC tomou passa moleque do Duarte Nogueira) e no PT,foram 36 deputados. Não acho que o sistema de representação esteja falido, aliás, ele as vezes melhora, as vezes piora.

Deixar mensagem para jorji Cancelar resposta